Como forma de alcançar comunidades no interior do estado e garantir que fazedores de cultura das diferentes regiões tenham a oportunidade de se inscrever nos editais da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), a Secretaria da Cultura do Tocantins (Secult) concluiu, no último dia 13, com 19.363 km percorridos, as atividades de busca ativa por agentes culturais indígenas e quilombolas. A ação ocorreu por meio do projeto “Transformando Conhecimento em Inovação: Cultura, Memória e Arte”, desenvolvido pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e pelo Observatório de Pesquisas Aplicadas ao Jornalismo e ao Ensino (Opaje), e executado com apoio da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFTO) e Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), com interveniência da Fundação de Apoio Científico e Tecnológico (Fapto).
“As atividades de busca ativa são importantes para o Governo do Tocantins-Secult, pois através delas buscamos atingir comunidades quilombolas e aldeias indígenas por todo o estado, visando garantir que os agentes culturais desses lugares tenham o conhecimento e a oportunidade de se inscrever em editais. O resultado obtido na Pnab foi ainda melhor do que o obtido durante a LPG [Lei Paulo Gustavo], quando a busca percorreu cerca de oito mil quilômetros beneficiando fazedores de culturas dessas comunidades. Estamos muito felizes com esse alcance”, disse o secretário da Cultura Tião Pinheiro.
Para o secretário dos Povos Originários e Tradicionais, Paulo Waikarnãse Xerente, é gratificante saber que as políticas culturais conseguiram chegar a um número expressivo de comunidades. “Isso demonstra o esforço do Governo do Estado em fomentar e oportunizar a cultura no Tocantins, uma das políticas sociais defendidas pela Sepot, principalmente promovendo a formação de novos agentes culturais. A Secult está de parabéns pelo trabalho realizado”, complementou.
Logística
De acordo com o coordenador do projeto de extensão da UFT, professor Gilson Pôrto Júnior, a logística da busca ativa foi planejada em reuniões conjuntas com as Secretarias da Cultura (Secult) e dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), onde foi traçado um panorama das comunidades a serem atendidas. “Esses pontos focais auxiliaram na criação de um esboço inicial das possíveis rotas. Essas rotas foram enriquecidas in loco com o apoio das próprias comunidades, de parceiros municipais e de órgãos federais como a Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas]”, explicou.
Sobre a transmissão das informações dos editais da Pnab aos moradores, Gilson destacou que a presença de tradutores locais foi essencial para garantir que as propostas fossem bem compreendidas. “A questão idiomática também foi desafiadora, já que em muitas comunidades não havia comunicação em língua portuguesa, sendo essencial a presença de um intérprete indígena”, comentou. Além disso, as equipes foram formadas com um cuidado especial para lidar com sensibilidade e respeito às realidades das comunidades, o que reforçou o caráter inclusivo da ação.
Wagner Katamy Krahô-Kanela, cacique da Aldeia Catàmjê, destacou a importância da parceria entre a Secult, UFT e outras instituições para os povos indígenas do Tocantins e comentou que a busca ativa facilita o entendimento e o processo de inscrição nos editais voltados à valorização e fortalecimento da cultura dos povos originários. “A gente agradece muito essa iniciativa. No edital anterior [Lei Paulo Gustavo] teve também a busca, mas a gente sabe que essa aqui está sendo maior”, ressaltou.
Sirlene Matos, artesã e pesquisadora do povoado Mumbuca, em Mateiros, também destacou a relevância da ação para a comunidade, a qual oferece oportunidade aos fazedores de cultura para se cadastrarem e concorrerem nos editais. “Quando a secretaria reconhece que precisamos de pessoas para ajudar na construção da inscrição, a gente entende que vai ter continuidade no fomento desses mestres e seus saberes”, disse.
Daniela Rodrigues Tavares, também da região de Mateiros, pontuou a necessidade de projetos como a busca ativa em locais onde os moradores enfrentam dificuldades de acesso. A moça frisou ainda que, embora a comunidade tenha conhecimento, o entendimento de questões mais complexas ainda é um desafio. “Como o governo está disponibilizando pessoas com mais entendimento e capacidade é muito importante. Porque às vezes, a gente precisa de um empurrãozinho”, completou.
Aldeias e comunidades quilombolas visitadas
De acordo com o cronograma do projeto, cerca de 70 comunidades, divididas entre quilombolas e aldeias indígenas, foram visitadas. As cinco equipes da busca ativa, classificadas entre Norte, Sul, Sudeste, Central I e II, foram até os municípios de Natividade, Silvanópolis, Chapada da Natividade, Jaú do Tocantins, Mateiros, Maurilândia, Itacajá, Goiatins, Cachoeirinha, Sandolândia, Tocantínia, Araguaína, Lagoa do Tocantins, Monte do Carmo, Ponte Alta, Muricilândia, São Félix do Araguaia, Tocantinópolis, Porto Alegre do Tocantins, Arraias, Conceição do Tocantins, Santa Fé do Araguaia, Lagoa da Confusão, Formoso do Araguaia e Xambioá.