O “Projeto de leitura e remissão de pena: ler para libertar”, do Colégio Estadual Osvaldo Franco, de Araguatins, recebeu o 2º lugar do Prêmio Escola Que Transforma, na categoria “Educação de Jovens e Adultos/Parcial- II e III Segmentos e Educação em prisões – Esfera Estadual”.
A ação é desenvolvida nas turmas da educação prisional e traz o benefício da remissão de pena, por meio da leitura, a estudantes privados de liberdade. O projeto tem ainda como objetivo desenvolver e fortalecer as competências da leitura e da escrita no contexto das atividades de escolarização realizadas na unidade.
A ideia surgiu a partir de um diagnóstico feito pelos professores da unidade, que constataram uma grande dificuldade dos educandos na fluência da leitura e escrita. “Dentro do cárcere, observamos que, embora a maioria soubesse ler, o domínio sobre a língua escrita era muito precário, pois muitos deles estavam afastados da escola por muitos anos. Decidimos criar esse projeto de leitura para, além de fortalecer essa competência, ajudá-los a encontrar uma saída terapêutica para as questões que eles lidam aqui dentro”, contou a professora da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Fernanda Santos.
O estudante Leonardo Alencar da Silva, de 21 anos, já está em liberdade e falou sobre os ganhos da iniciativa. “Comecei a participar do projeto, fazer redações e também ajudar várias pessoas lá dentro, mostrando que poderia ser bom para elas como foi para mim. Foi por meio da leitura que eu decidi que queria ser professor e passar para os alunos o mesmo que me foi passado”, relatou.
Estudante da EJA, Gilson Nascimento, de 26 anos, também já cumpriu sua pena e ressaltou que a leitura transformou a sua vida e a de muitos colegas que participaram do Ler para Libertar. “Esse projeto surgiu em um momento em que eu estava passando por grandes dificuldades, como ser privado da minha liberdade. Foram muitas mudanças: eu aprendi a me expressar melhor; conheci mais palavras e abri a minha mente; me inscrevi em um concurso público, e tenho vontade de cursar Direito. Daqui para frente eu espero conquistar meus objetivos”, contou.
Segundo a professora responsável pelo projeto, os resultados demonstram impacto extremamente positivo na vida dos estudantes privados de liberdade. “Dentro do ambiente da carceragem, a leitura tem o potencial de ressignificar vidas, de instrumentalizá-los para um exercício potente da cidadania, possibilitando uma reentrada no meio social, mais suave, funcional e sustentável, uma vez que um dos objetivos principais do instituto da pena é possibilitar uma ressocialização do indivíduo que praticou crime”, enfatizou Fernanda Santos.
Expansão
A partir da aceitação do projeto e dos resultados obtidos no Colégio Estadual Osvaldo Franco, a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) aderiu à iniciativa e resolveu implantar a iniciativa em todas as unidades carcerárias do Tocantins.
O policial Lúcio Alves, que também é professor e escritor, revela que o projeto tem sido muito bem acolhido. “A leitura liberta e transforma o ser humano. Essa parceria da Seduc com a Seciju trouxe muitos benefícios, abriu um leque de conhecimento para os estudantes privados de liberdade, que ocupam seu tempo estudando livros e indo para a escola”, assegurou.
Prêmio
O Prêmio Escola que Transforma é uma ação do Programa de Fortalecimento da Escola (PROFE) e busca reconhecer, valorizar e divulgar as boas práticas realizadas nas unidades escolares estaduais e municipais de todo o território tocantinense.
Foram destinados R$ 2 milhões para as premiações dos 57 projetos selecionados de 1º a 3º lugar, em 19 categorias. As unidades escolares e os profissionais titulares dos projetos selecionados foram premiados conforme as categorias com valores entre R$ 30 mil e R$ 5 mil. Os estudantes protagonistas dos projetos também receberam prêmios de R$ 1 mil a R$ 500.
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