O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), Paulo Bertolini, afirmou nesta quarta-feira (18/6) que o setor vai intensificar a articulação com países importadores, como a China e a União Europeia, para estabelecer um processo mais rápido para aprovação simultânea de eventos de biotecnologia, como as sementes transgênicas de milho.
Atualmente, novas tecnologias desenvolvidas por empresas de sementes já estão aprovadas para cultivo no Brasil, mas ainda não são aprovadas pela área científica dos importadores do cereal brasileiro. Segundo Bertolini, a avaliação de alguns países é influenciada por aspectos políticos e não são “tão transparentes”, o que impede essa “sincronia” de aprovações de biotecnologias.
“Alguns países que consomem nosso produto e precisam aprovar o evento só começam o processo de aprovação a partir da liberação no país que vai produzir. Alguns processos não são baseados somente em ciência, pois tem aspecto político e estratégico envolvido”, disse durante o evento de Abertura Oficial da Colheita de Milho, realizado pela Abramilho, em Sorriso (MT).
Segundo ele, essa situação ocorre na China e na União Europeia. Recentemente, a Abramilho enviou uma missão a Pequim para negociar avanços no tema. Representantes da entidade estarão no país asiático novamente em julho. O assunto foi tratado em reunião do Comitê de Biotecnologia da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban) em maio.
Segundo Bertolini, cerca de 95% do milho produzido no Brasil é fruto de biotecnologias, sejam eventos transgênicos ou de edição gênica.
Um dos materiais que estão à espera de aprovação dos importadores, por exemplo, tem uma tecnologia que protege o milho da lagarta do cartucho, uma praga que tem atrapalhado o rendimento da produção das lavouras brasileiras.
“Produtores brasileiros só vão ter acesso a essas tecnologias a partir do momento que China e União Europeia autorizem a comprar esses produtos, aí sim as empresas vão colocar essas sementes melhoradas para nós. Estamos na dependência de chineses e europeus para aprovarem tecnologia que nós tanto precisamos”, afirmou.
Bertolini disse que alguns eventos de biotecnologia aguardam aprovação da China há mais de cinco anos. “Quando percebemos que não é processo baseado somente na ciência, temos que agir, fazendo missões aos países”, disse. “Já que produzimos em clima tropical, em que eventos de biotecnologia são mais afrontados por questões naturais, temos que ter renovação com mais frequência das tecnologias que vamos usar”, explicou.