As consultorias agrícolas estão revisando para cima suas previsões para safra 2024/25 de soja, incentivadas pelas boas produtividades registradas em regiões produtoras, especialmente o Mato Grosso.
A Agroconsult elevou nesta quinta-feira (27/3) sua estimativa para a safra de soja no Brasil em 2024/25 para 172,1 milhões de toneladas, acima das 171,3 milhões divulgadas pela empresa em fevereiro. No ciclo 2023/24, a projeção da consultoria ficou em 155,5 milhões.
Em coletiva do Rally da Safra, expedição realizada pela Agronconsult que percorre as principais áreas produtoras de soja, André Debastiani, coordenador do Rally da Safra, destacou que o rendimento das lavouras variou do início da colheita até agora.
Em Mato Grosso, maior Estado produtor, a estimativa de produção cresceu 3,1 milhões de janeiro até este mês. Por outro lado, nesse mesmo intervalo, o Rio Grande do Sul perdeu 5 milhões de toneladas do seu potencial produtivo.
Em sua apresentação, Debastiani destacou que seis Estados estão com recorde de produtividade neste ciclo, com destaque para Goiás, com 68 sacas por hectare, versus 65,5 sacas na safra passada; e Mato Grosso 66,5 sacas (63 sacas no ciclo passado). Com a confirmação desse rendimento, os produtores mato-grossenses podem superar, pela primeira vez, as 50 milhões de toneladas de soja produzidas.
A Bahia se igualou ao Estado de Goiás com produtividade de 68 sacas por hectare, acima das 67 sacas do último ciclo, e das 70 sacas esperadas em fevereiro. Os produtores baianos poderiam ter um rendimento maior não fosse a estiagem observada no Estado neste mês, segundo o coordenador do Rally da Safra.
Sobre o Rio Grande do Sul, onde a seca tem sido um empecilho para a produção desde o início do ano, Debastiani disse que as altas temperaturas seguem tirando peso dos grãos. “A safra ainda está em aberto, mas depende de umidade para se desenvolver, caso contrário, pode perder ainda mais produtividade”, alertou.
São esperadas 37,5 sacas de rendimento para a soja no Rio Grande do Sul, menor que as 39 divulgadas em fevereiro, e distante das 49,5 sacas projetadas no primeiro mês de 2025.
A nível nacional, a produtividade da soja no ciclo 2024/25 deverá crescer 8,4% neste ciclo em relação ao anterior, podendo alcançar 60 sacas por hectare, de acordo com a Agroconsult.
Datagro
A Datagro Consultoria também elevou para 169,1 milhões de toneladas sua previsão para a safra de soja no Brasil em 2024/25. No mês passado, a projeção indicava 167,6. Se confirmada a atual projeção, a colheita do Brasil deverá crescer 9,2% neste ciclo, acima dos 154,9 milhões da revisada safra do ano passado.
Segundo a consultoria, o principal destaque do levantamento é a recuperação das lavouras em Mato Grosso, responsável pela produção de cerca de 30% da soja brasileira. A Datagro estima que a produtividade média no Estado tenha se elevado em 20,4% se comparado com 2023/24, alcançando 3.900 kg/hectare.
“Caso confirmada, esta será a maior produtividade média registrada na região, superando até mesmo a supersafra de 2022/23, quando o rendimento calculado fora de 3.875 kg/hectare”, destacou a Datagro, em nota.
Com o incremento de área de 2%, atingindo 12,75 milhões de hectares, espera-se que a produção total de soja no Mato Grosso seja de 49,76 milhões de toneladas – recorde histórico, até mesmo superior à lavoura total da Argentina, por exemplo, projetada em 48 milhões de toneladas.
Os ganhos esperados em Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia compensam as perdas registradas no Paraná e, em maior grau, em Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul.
“Para este último, afetado negativamente por temperaturas extremas e estresse hídrico severo, a Datagro estima produção de apenas 16 milhões de toneladas de soja, recuo de 22% em relação ao ciclo anterior”.
No que diz respeito à área de soja, são esperados 47,8 milhões de hectares, incremento de 1,6 milhão de hectares se comparado com o ano anterior.
Milho
O novo levantamento da Datagro também traz perspectivas positivas para o milho brasileiro. Na safra total, a área está estimada em 21,6 milhões de hectares, leve avanço sobre os 21,5 milhões divulgados em fevereiro. Ao todo, a consultoria projeta uma safra 126,9 milhões de toneladas, 4% superior à temporada anterior, quando a colheita chegou em 122,1 milhões de toneladas.
A Datagro projeta uma redução de 7% na área plantada com milho de primeira safra, resultado de baixos incentivos na época do plantio e custos ainda elevados. Não obstante, dada recuperação de 8% no rendimento médio dos Estados, estima-se uma colheita total de 24,8 milhões de toneladas, volume 1% acima do registrado na última temporada.
Em relação ao milho de inverno – responsável por 80% do cereal brasileiro neste ano –, a expectativa é mais otimista. A consultoria prevê incremento de 2,1% na área, alcançando 17,8 milhões de hectares. O rendimento médio deverá mostrar melhora de 2,7% neste ciclo. Assim, espera-se uma produção de 102,1 milhões de toneladas, volume equivalente a 109% do consumo doméstico total durante o ano.
“Com quase 100% das lavouras plantadas dentro da janela ótima de plantio e perspectivas climáticas positivas para os próximos meses, há expectativa de uma safra cheia, melhorando as condições de oferta no Brasil”, destacou a Datagro.