Por muitos anos, ouvir do médico que a pressão estava “12 por 8” era sinônimo de tranquilidade. O valor se tornou quase um símbolo de saúde perfeita. No entanto, as novas diretrizes brasileiras de hipertensão arterial, apresentadas nesta quinta-feira, no 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, em São Paulo (SP), trazem uma mudança importante: esse patamar já não é considerado totalmente normal, e, sim, um estágio inicial de pré-hipertensão.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, valores de pressão entre 12 por 8 e 12,9 por 8,9 devem ser vistos como um alerta. “Não significa que o paciente já tenha hipertensão, mas indica um maior risco de evoluir para a doença no futuro, se não houver mudanças no estilo de vida”, explica o cardiologista Augusto Vilela, CEO do Instituto do Coração de Fortaleza e coordenador científico CardioAula.
A alteração se baseia em estudos que mostram que mesmo elevações discretas da pressão arterial aumentam a chance de infarto, AVC e insuficiência cardíaca ao longo dos anos. “Quanto mais cedo a pessoa controlar peso, alimentação, consumo de sal, praticar exercícios e dormir bem, menores serão os riscos”, reforça o especialista.
A boa notícia é que, nessa fase, quase sempre não é preciso usar remédios. O tratamento é focado em hábitos saudáveis: reduzir o sal, evitar alimentos e produtos ultraprocessados, controlar o estresse, abandonar o cigarro e manter atividade física regular.
Segundo a nova diretriz, só é considerada hipertensão quando a pressão ultrapassa 14 por 9 no consultório. Mas o recado dos especialistas é claro: não esperar chegar até lá. “O melhor remédio é a prevenção. Identificar a pré-hipertensão é a chance de virar o jogo antes que a doença se instale”, conclui Augusto Vilela.
O 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia termina neste sábado (20).