O novo presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), espera uma retratação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, após a fala sobre “a polícia prender mal e o Judiciário ser obrigado a soltar”.
Bilynskyj se reunirá com Lewandowski na terça-feira (25). É o primeiro encontro com o ministro após ter sido eleito presidente do colegiado.
De tarde, ele já comanda a primeira sessão deliberativa da comissão e que tem na pauta justamente pedidos de convocação de Lewandowski.
“Acredito que ele deve apresentar um pedido de desculpas. A fala dele conseguiu ofender todos os policiais do Brasil de uma vez só. É um fato inédito. A polícia está acostumada a receber crítica. Mas de uma vez só o ministro da Segurança Pública conseguir ofender a todos os policiais foi inovador”, afirmou à CNN.
O presidente do colegiado não descartar trocar a convocação por um convite, quando a autoridade não é obrigada a comparecer. No Congresso Nacional, se costuma fazer isso como um aceno de diálogo.Play Video
“Vou propor ao ministro para que ele venha explicar o planejamento do ministério para este ano”, disse.
Clima na comissão
A Comissão de Segurança é formada principalmente por parlamentares originários das forças de segurança. O clima, no geral, foi de descontentamento com a fala de Lewandoswski, algo que se manifestou também em notas públicas de entidades policiais.
Na sexta-feira (21), o ministro afirmou que a fala foi tirada de contexto e, em uma tentativa de contornar a polêmica, elogiou a eficiência policial brasileira.
Reservadamente, membros do colegiado afirmam que é preciso colocar Lewandowski no lugar e que a ida do ministro à Câmara, caso confirmada, terá esse fim.
Parlamentares também não ajudam em um contexto em que o governo tenta “reviver” a PEC da Segurança Pública, que deve ser enviada em abril pelo governo. O texto enfrenta resistência no Congresso Nacional e ainda no ano passado era considerado “natimorto” por parlamentares da bancada da bala.
O governo tem tentado imprimir mais ritmo no ministério de Lewandowski e retomou a articulação para que o texto possa começar a tramitar. O tema da segurança apareceu em falas públicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na quarta-feira, o petista disse que não permitirá “a república de ladrão de celular”.