A queda nas temperaturas no Brasil mexeram com os preços do café arábica na véspera, na bolsa de Nova York, porém o mercado do grão assiste a uma espécie de trava invisível que está impedindo que os futuros atinjam picos históricos. Na abertura desta terça-feira (24/6), os lotes com prazo para setembro passam por forte queda, de 4,10%, precificados a US$ 3,1315 por libra-peso por volta das 8h40.
A frente fria que chega a Minas Gerais, principal parque cafeeiro do arábica, traz mais chuvas do que frio, o que faz a meteorologia e analistas descartarem, por enquanto, a possibilidade de geada. Ao mesmo tempo, operadores destacam que a colheita brasileira avança bem, com estimativas mais otimistas do que no início do ano. O Itaú BBA projeta uma melhora na oferta global de café na safra 2025/26, com o crescimento da produção de conilon compensando parte da redução no arábica.
“A imprevisibilidade climática ainda existe. Há operadores que mudam suas posições de compra, ou recompram contratos. Pode ser que o frio ajudou o mercado a encontrar um piso das cotações e, mesmo não acreditando na geada no maior produtor do café do Brasil, o mercado fica mais conservador, administrando suas posições”, observa o sócio-fundador do MM Cafés, Marcus Magalhães.
Para ele, hoje o mercado ainda deve realizar lucros e deve entrar em um período de “consolidação” da dinâmica dos preços de café, sem picos altos, mas tentando manter patamares estáveis a fim de que a cadeia não enfrente quedas bruscas.
No caso do cacau de prazo de entrega para setembro, há leve alta, de 0,34%. A amêndoa futura opera a US$ 8.563 por tonelada, sem mudanças nos fundamentos, que consideram, principalmente, o andamento da colheita intermediária na África Ocidental.
Os papéis do açúcar para outubro caem 0,30%, passando a 16,52 centavos de dólar por libra-peso. Já o algodão de mesmo prazo passa por uma valorização nesta manhã, de 0,70% e opera a 67,35 centavos de dólar por libra-peso. A alta reflete o aumento do preço do petróleo.
Os traders das soft commodities mantêm cautela diante das tensões entre Israel e Irã e da instabilidade econômica global, fatores que podem limitar a demanda, segundo a Trading Economics.