O mercado do boi gordo teve mais um dia com estabilidade nos preços na maioria das regiões pecuárias brasileiras. Das 32 praças monitoradas pela Scot Consultoria, 21 não tiveram alterações nas cotações nesta quinta-feira (3/7).
Foram registradas quedas de preços em 11 regiões, destacando-se o Mato Grosso do Sul, onde a arroba recuou em Dourados, Campo Grande e Três Lagoas. Também foram verificadas baixas em Goiânia (GO), norte de Mato Grosso, noroeste do Paraná, Marabá (PA), sudeste de Rondônia, norte do Tocantins, Acre e Rio de Janeiro.
Em São Paulo, nas praças de Araçatuba e Barretos, o preço do boi gordo continuou cotado a R$ 310 a arroba para o pagamento a prazo. Segundo a Scot, não havia aparente escassez de oferta de bovinos no mercado, e as escalas de abate estavam, em média, para nove dias.
“A venda de carnes dos frigoríficos para o mercado interno poderia ser melhor para o período. Alguns compradores se retiraram do mercado e esperam as vendas do fim de semana para retomarem os negócios. Nesse sentido, no momento, a cotação de todas as categorias permaneceu estável, mas existe um movimento de pressão para baixo pelos compradores”, destaca a Scot.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) afirma que, em alguns casos, os preços do boi se mantêm estáveis, mas a vaca e novilha, com frequência, têm sido reajustadas para baixo em R$ 5 por arroba. A resistência de pecuaristas aos recuos, no entanto, limita o fechamento de negócios no spot – que muitas vezes envolvem lotes pequenos.
Tendência de alta
Os preços do bezerro tendem a subir nos próximos 12 meses, com a oferta menor em relação a 2024, segundo avaliação do Itaú BBA. A consultoria também prevê aumento do confinamento neste ano, com produtores aproveitando os preços mais baixos da ração animal e margens favoráveis. “É possível que tenha mais confinamento de ado e menos boi a pasto”, disse Cesar de Castro Alves, gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA.
Para o analista, a evolução nos preços do boi vão depender do desempenho das exportações brasileiras, no momento favorecidas pela menor oferta pelos Estados Unidos e pela Austrália.
“Apesar das preocupações com o tarifaço do Trump, os EUA estão com o ciclo invertido em relação ao Brasil, com preço muito elevado e estoque baixo. A China também está comprando mais. A Austrália deve exportar 8% menos neste ano. Cabe ao Brasil aproveitar esse cenário”, afirmou Alves.
Em relação ao mercado interno, o analista disse que o consumo pode ter uma pequena queda por conta dos preços elevados da carne bovina. A produção de carne bovina pode cair 1% em 2025.
“A produção no ano passado foi menor, com menos oferta de bezerros e mais demanda por parte dos pecuaristas. A alta do boi neste ano vai depender da demanda externa, mas o ciclo é altista, com produção tendendo a ser menor”, disse Alves.
O analista acrescentou que a dúvida é sobre a disponibilidade de boi magro para saber se o confinamento crescerá mais ou menos.
“É provável que os números de confinamento surpreendam neste ano e nos próximos, se preço do boi continuar subindo e o da ração caindo”, afirmou.