O mercado pecuário teve mais um dia de estabilidade nas cotações nesta quinta-feira (21/8). O escoamento da carne bovina perdeu força, e parte dos frigoríficos reduziu o ritmo das compras, pois estava com as escalas de abate mais alongadas, informa a Scot Consultoria. Por outro lado, as exportações estiveram com bom desempenho.
Das 32 regiões pecuárias monitoradas pela Scot, 24 não tiveram alteração no preço do boi gordo, e apenas oito registram altas. Nas praças de Araçatuba (SP) e Barretos (SP), que são referências para o mercado, a cotação da arroba do boi gordo continuou em R$ 308 para o pagamento a prazo.
Rodrigo de Mundo, analista da Scot, destaca que, com a aproximação da estação de monta e os preços firmes para os animais de reposição na comparação anual, a expectativa é que, até o final do ano a oferta de bovinos – principalmente de fêmeas – diminua, o que pode trazer um adicional na sustentação nos preços dos animais. “Do lado da demanda, a expectativa é que também se mantenha aquecida, principalmente nas exportações, que tradicionalmente são maiores no segundo semestre, sustentando o mercado até o final do ano”, afirma.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) destaca que dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram, mais uma vez, que a produção de carne bovina não tem acompanhado o avanço das exportações. No primeiro semestre deste ano, o volume exportado (in natura e processada) superou em 164,1 mil toneladas os embarques do mesmo período de 2024, ao passo que a produção formal foi ampliada em apenas 122 mil toneladas.
Como resultado da menor disponibilidade interna, as cotações do boi e da carne se moveram para um novo patamar do ano passado para cá. Os preços médios do boi (calculados pelo indicador Cepea/Esalq) e da carne (carcaça casada de boi no atacado da Grande São Paulo) estão cerca de 35% superiores aos registrados há um ano, em termos reais (já descontada a inflação).
“Os dados deixam claro que tem aumentado também a parcela das exportações no escoamento da carne produzida”, afirma o Cepea. No primeiro semestre do ano passado, foram enviados ao exterior 25,1% da produção formal; nos primeiros seis meses deste ano, foram 28,7%.O aumento ocorre também do primeiro para o segundo trimestre de 2025, de 27,4% para 29,9%, o que representa a maior participação do setor externo na história.
