Diferentemente de profissões como medicina, engenharia ou direito, que exigem formação superior específica, não é necessário ter um diploma universitário para ser apicultor. No entanto, conforme orienta o professor e apicultor Armindo Vieira Júnior, a busca por conhecimento contribui (e muito) para o sucesso do negócio.
Embora o ingresso na área não dependa de um curso formal, capacitações técnicas, pós-graduações e cursos de extensão em apicultura, meliponicultura ou zootecnia podem fazer toda a diferença na prática.
Para o especialista, o conhecimento, tanto teórico quanto prático, é essencial para colher bons frutos na profissão. Vieira destaca que dominar todas as etapas da atividade — da montagem do apiário à comercialização dos produtos — aumenta as chances de retorno financeiro e sustentabilidade do empreendimento.
“A boa apicultura exige conhecimento sobre biologia das abelhas, manejo, segurança, legislação e comercialização. Existem cursos presenciais, técnicos e on-line que oferecem formação completa para quem quer ingressar com segurança e rentabilidade”, afirma o professor.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, oferece o curso “Apicultura para iniciantes” de forma gratuita para capacitar produtores, agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e estudantes sobre abelhas e seus produtos, definição e adequação do local de instalação do apiário, formas de obtenção dos enxames e manejo das colônias. A duração é de 20h.
As mãos humanas por trás do mel
Na família de Danilo Magalhães da Veiga Jardim, de Goiânia, a paixão pelas abelhas é compartilhada com os pais. O engenheiro-civil de formação era meliponicultor por hobby e resolveu iniciar o trabalho na apicultura ao conhecer a Apis mellifera (abelha com ferrão) durante a pandemia.
Atualmente, produz, em média, 65 quilos de mel por caixa no apiário localizado em Itaberaí (GO), mas já chegou a coletar 116 quilos de um único enxame. O planejamento para o futuro é manter a produção do mel, mas também incluir o própolis e a genética de abelhas-rainhas na empresa Abelhas D’Ouro Quente.
“Criar abelhas me deixa mais próximo do nosso criador e me inspira em outras áreas da vida. Representa também o marco de uma mudança de mentalidade e uma nova relação com a natureza de todos que se envolvem com nosso projeto. Quero expandir a criação e passar o conhecimento da produção para outras pessoas da região para que, no futuro, seja um lugar de reconhecimento”, conta à Globo Rural.
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Teresa Raquel Bastos, do Piauí, foi apresentada ao universo da apicultura desde os primeiros passos. O pai, Wener, iniciou a criação de abelhas Apis mellifera em 1983 e costumava, além de oferecer o mel produzido, explicar as características e a florada responsável pela cor, sabor e aroma. Tais informações foram despertando a paixão pelo assunto.
A jornalista e social media por formação passou por uma transição gradual na carreira após atuar como repórter, inclusive da Globo Rural, e atualmente dedica-se totalmente à apicultura. No caminho, trabalhou no Google e usou a experiência na comunicação para construir o site da empresa, a Bee Mel, e as redes sociais.
“Hoje, meu trabalho se divide em várias frentes. Eu sou empresária e trabalho em toda a cadeia da apicultura, desde a criação das abelhas, porque tenho meus enxames, e ajudo na criação, manejo e colheita das colmeias que tenho em comum com o meu pai, e ainda tomo conta da indústria, faço a venda de outros produtos, como velas, kits personalizados e desodorantes, e sou palestrante”.
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A produção gira em torno de cinco a seis toneladas por ano, número considerado pequeno pela empresária, e é comercializado apenas no Brasil. Segundo ela, a decisão de não exportar visa fazer o brasileiro descobrir a qualidade do produto nacional.
“Queremos que o mel do Piauí fique apenas no nosso país e que as pessoas tenham acesso e consigam sentir na experiência de comer o quão versátil é”.
Além da participação direta com o manejo das abelhas, Teresa se especializou em outras áreas da apicultura e é sommelier de mel, profissão onde apresenta o líquido doce e viscoso com um olhar diferente ao público. “Acho que essa é a minha missão: educar e ensinar para ganharem confiança na hora de comprar um mel e saibam garantir a segurança da sua família”, finaliza.