É a pergunta de milhões de dólares do torcedor brasileiro: por que Vini Jr. não repete na Seleção Brasileira o futebol vistoso e eficiente do Real Madrid?
Somente ele pode responder, mas todos nós podemos especular sobre os motivos. Não existe uma explicação única. Há vários fatores que podem explicar ou fornecer pistas para uma resposta.
É muito diferente jogar por um clube e por uma seleção. Ainda que Vini atue pelo maior clube e pela mais importante seleção do futebol mundial.
No Real Madrid, o brasileiro integra uma seleção internacional, uma reunião de vários dos melhores jogadores, de diversas nacionalidades. Ele disputa as premiações de melhor jogador do mundo com um colega de time, o inglês Jude Bellingham, e recebe passes preciosos do veterano croata Luka Modric, melhor do mundo em 2018.
A constelação merengue ainda conta com craques do porte do francês Kylian Mbappé, outro nome que sempre figura entre os indicados para grandes premiações.
A Seleção Brasileira vive uma transição de gerações. Desde 2006 que não conta com vários dos melhores jogadores do planeta. Tem jovens talentosos, como o próprio Vini e Rodrygo, mas apenas um craque indiscutível: Neymar (que voltou a jogar em 21 de outubro de 2024, após um ano parado por lesão).
No Real, Vini é decisivo, mas compartilha essa condição com muitos outros jogadores. Na Seleção, até pela fama construída no clube, há uma cobrança forte para que cumpra o mesmo papel.
O atacante do Real é um grande velocista. Sua principal virtude é a capacidade de vencer duelos individuais contra seus marcadores. Para isso, precisa ser abastecido por passes precisos, no local e momento certos. Isso raramente acontece na Seleção. Por isso ele se precipita, tentando pegar a bola e sair correndo com ela dominada. Essa situação reduz sua capacidade, porque ele precisa de tempo para dominar a bola, arrancar e atingir a máxima velocidade partindo da inércia.
Também facilita para o marcador, que pode correr para a frente na busca pelo corte, ou guardar posição. Mesmo assim, ele é capaz de fazer gols com arrancadas nessa circunstância, como contra o Borussia Dortmund, nos 5 a 2 pela Champions.
visualização full
Quando recebe a bola passada por um companheiro de técnica apurada, Vini geralmente tem o espaço necessário para usar e abusar de sua velocidade, recebendo já em processo de corrida. O passe em profundidade obriga o marcador a correr para trás ou atrás de um velocista que tem boa capacidade de finalização (ainda precisa apurar esse fundamento).
O adversário, quando enfrenta o Real Madrid, divide sua preocupação entre Vini e vários rivais decisivos. Quem vai marcar Mbappé? Rodrygo, Bellingham, Modric? Na dúvida, quase sempre sobra um espaço para algum deles.
O adversário quando enfrenta a Seleção Brasileira com Vini e sem Neymar, concentra sua defesa no jogador do Real. Por tudo que envolve sua presença. Fama, qualidade e certa irritação quando sofre com boas marcações.
Para repetir na Seleção o sucesso do Real, Vini precisa que o time nacional evolua coletivamente para poder explorar seu potencial individual decisivo. Quanto mais ele insistir em provar que pode resolver sozinho, mais difícil será sua tarefa. Assim como não será fácil fazer com que o time produza para ele.
O Brasil carece de meio-campistas criativos e organizadores, capazes de enxergar o atacante e abastecê-lo dentro de sua principal virtude, a velocidade. Até mesmo Rodrygo, que o conhece do dia a dia, se divide entre assumir a responsabilidade individual e servir o amigo.
Por isso, a volta de Neymar é imperativa. Ele dividirá as atenções com Vini, provavelmente concentrando a marcação adversária. Em vez de correr com a bola dominada como fazia no auge físico, o craque do Al-Hilal pode ser o elemento a fazer com que o madrilenho execute com a camisa do Brasil tudo que faz com a merengue.
Neymar tem o olhar, o pensamento e a execução. Será a estrela, e poderá oferecer a Vini o alívio desse peso e a leveza necessária para, finalmente, explodir como craque também pela Seleção.
Aguardemos.
Números de Vini Jr.
- Pelo Real Madrid
278 jogos
92 gols
64 assistências - Pela Seleção Brasileira
35 jogos
5 gols
5 assistências