A lipoaspiração é um dos procedimentos estéticos mais procurados para remodelar o corpo e eliminar gorduras localizadas. Contudo, um dos equívocos mais comuns é pensar que ela serve para emagrecer.
Especialistas explicam que, apesar de remover gordura, a quantidade retirada durante o procedimento não é suficiente para causar uma perda de peso relevante. Além disso, há um limite seguro para a quantidade de gordura que pode ser aspirada, e ultrapassá-lo pode trazer riscos graves ao paciente.
A cirurgiã plástica Luiza Hassan, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), esclarece que “numa lipoaspiração, o limite de gordura que é considerado seguro remover em um único procedimento está entre 5 a 7% do peso corporal do paciente. Por exemplo, em alguém de 70 kg, podem ser retirados até 4,9 litros de gordura, sem procedimentos associados”.
Ela ressalta ainda que a técnica atua sobre depósitos superficiais, como abdome, flancos, coxas e costas, “mas não é capaz de reduzir a gordura profunda (visceral) e não substitui hábitos saudáveis”.
O cirurgião plástico Marcelo Norio Inada, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e especialista em lipoescultura, reforça que a lipo é uma técnica para remodelar o corpo, atuando em áreas específicas onde a gordura resiste a dieta e exercícios, e não para emagrecimento.
“A lipo remove em média de quatro a cinco litros de gordura, um volume insuficiente para quem precisa perder muitos quilos. Por isso, pacientes muito acima do peso devem primeiro buscar emagrecer até se aproximarem do peso ideal antes da cirurgia”, explica.
Segundo ele, a lipo funciona como um refinamento estético, proporcionando harmonia e definição ao contorno corporal.
“Perder peso na balança significa reduzir o número total de quilos, que pode incluir perda de gordura, líquidos ou massa muscular. Já a lipoescultura busca remodelar o corpo de forma seletiva, atuando em depósitos localizados que persistem mesmo com dieta e exercícios”, detalha Marcelo Norio.
A cirurgia é indicada para pacientes que já mantêm uma rotina saudável, com alimentação equilibrada e atividade física, mas ainda apresentam gordura localizada em áreas como abdome, flancos ou coxas. Nesses casos, a remoção das células de gordura facilita a conquista de uma silhueta mais definida, mesmo que o percentual geral de gordura corporal não seja muito baixo.
Outro ponto importante destacado pelo cirurgião Marcelo Sampaio, vice-presidente da SBCP, é que a lipoaspiração não garante resultados definitivos sem a manutenção de um estilo de vida saudável. Ele alerta.
“Sem uma alimentação equilibrada e uma rotina de exercícios, a gordura pode voltar e o resultado do procedimento ser perdido”. “Ter uma dieta balanceada e praticar atividades físicas regularmente são essenciais para manter os resultados”, acrescenta.
Quanto aos riscos, Marcelo Norio lembra que a expectativa errada de emagrecimento pode gerar frustração. Além disso, tentar retirar volumes maiores de gordura em pacientes acima do peso aumenta as chances de complicações cirúrgicas, como alterações metabólicas, problemas respiratórios e uma recuperação mais lenta.
Sobre o pós-operatório, Marcelo Sampaio detalha cuidados importantes: “Recomenda-se o uso de analgésicos, curativos e acompanhamento médico, além de antibióticos e profilaxia de trombose quando indicados. O uso da cinta de compressão é essencial para reduzir o inchaço e evitar acúmulo de líquidos. Em alguns casos, sessões de drenagem linfática ajudam a minimizar edemas e melhorar a recuperação”.
Marcelo Norio afirma que o sucesso da lipoescultura depende de uma parceria entre médico e paciente: “Eu entrego 50% através da cirurgia, e os outros 50% dependem do próprio paciente”.
Isso envolve mudança de hábitos, alimentação equilibrada e musculação para manter e potencializar os resultados. A lipo pode até despertar uma motivação maior para o cuidado com a saúde, mas nunca deve ser vista como um atalho para emagrecer.