A aplicação da Prova Nacional Docente (PND), que ocorreu no domingo (26), tem dado o que falar nas redes sociais. Participantes criticam enunciados e estruturas das questões, e relatam problemas na aplicação em alguns dos locais de prova.
A PND foi anunciada em janeiro deste ano como uma maneira de avaliar a qualidade da formação oferecida em Licenciaturas e como alternativa na seleção de professores de educação básica para a rede pública. O exame foi aplicado nacionalmente no domingo, considerando a adesão por estados e municípios.
A prova faz parte do programa Mais Professores para o Brasil e tem a mesma matriz da avaliação teórica do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) das Licenciaturas.
Abaixo, confira o que os principais motivos de reclamação, relatos de participantes e o que dizem MEC e Inep, responsáveis pelo exame.
Enunciado das questões
Grande parte das reclamações ligadas à PND é de participantes que criticam algumas das questões presentes na prova por:
- Situações muito hipotéticas e pouco objetivas.
- Contextos administrativos, não-conteudista.
- Enunciados grandes, repetitivos e potencialmente confusos.
- Situações generalistas e amplamente teóricas.
Problemas na aplicação
Vídeos gravados na Escola Estadual Brigadeiro Gavião Peixoto, em São Paulo (SP), denunciam a suposta falta de espaço nas salas de aula para comportar todos os participantes. Como resultado, diversos participantes foram alocados em outros ambientes da escola, como pátios e refeitório, com mesas compartilhadas e falta de fiscalização adequada.
Os participantes reclamaram sobre a falta de infraestrutura das escolas e atrasos durante o processo de aplicação do exame. Outros relatos de problemas também circulam nas redes sociais, inclusive acompanhados de imagens das salas de aplicação e dos cadernos de prova.
O Ministério da Educação (MEC) foi procurado para comentar sobre os problemas relatados e os riscos de vazamento pelas imagens registradas dentro do ambiente de aplicação, mas não respondeu até a publicação da reportagem.
O que diz o Inep
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é o braço do Ministério da Educação responsável pelo exame. Procurado pela reportagem, o Inep informou que tomou as devidas providências e que avalia os relatórios de aplicação para garantir os direitos dos participantes. Confira a nota na íntegra.
Assim que tomou conhecimento dos relatos de possíveis intercorrências na aplicação da Prova Nacional Docente por meio de seu sistema de monitoramento, o Inep notificou a empresa aplicadora – Fundação Getúlio Vargas – para que fossem tomadas todas as providências contratuais previstas.
A empresa aplicadora afirmou que ao ser noticiada pelo Inep adotou de forma imediata ações de remanejamento, buscando assegurar o atendimento a todos.
Os relatórios de avaliação estão sendo minuciosamente analisados para garantir as condições de equidade e pleno direitos dos participantes.
O Inep reitera seu compromisso com a lisura da execução dos seus exames e reforça que serão adotadas todas as medidas necessárias para que nenhum participante seja prejudicado.
O que diz a CNTE
Em nota, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) destaca a importância da PND para a valorização dos professores, mas cobra um posicionamento do MEC sobre as situações filmadas durante a aplicação. Cofira um trecho da nota:
No tocante à sua realização, ontem, a CNTE tem recebido diversos vídeos, áudios e mensagens de texto denunciando situações incompatíveis com a aplicação do exame, as quais não se sabem se têm origem no MEC, nas redes de ensino ou na empresa contratada para aplicar a prova, de modo que aguardamos o pronunciamento urgente do Ministério da Educação, a fim de elucidar os diversos problemas que parecem ter ocorrido em diferentes lugares.
Reiteramos a importância da PND como etapa da valorização da carreira docente, sobretudo para superar os altos índices de contratos temporários no magistério, e esperamos que a confiabilidade neste processo de seleção de professores seja plenamente garantida, buscando, assim, a adesão de mais redes de ensino no país.







