Integrantes da Procuradoria Geral da República (PGR) avaliam que o depoimento do general Walter Braga Netto, na ação penal que apura um plano de golpe de Estado no país, foi “vago” e deixou pontas soltas que podem trazer mais complicações ao militar.
Preso desde dezembro de 2024, Braga Netto foi o único réu a depor por videoconferência. Ele falou de uma unidade militar no Rio de Janeiro, acompanhado pelos advogados.
O general rebateu a alegação do delator Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), de que recebeu caixa de vinho com dinheiro que seria pago ao militar envolvido no suposto plano para “neutralizar” o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas ele acabou apontando para um caminho de fluxo de dinheiro de campanha, que passaria pelo ex-ajudante de ordens do ex-presidente.
Ao tentar explicar, Braga Netto revelou que recebia pedidos por repasse de dinheiro de campanha de apoiadores do grupo político dele e de Bolsonaro. Nesta resposta, o general cita o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e diz que direcionou Cid para o tesoureiro do PL.
“Ele procurou o Azevedo, e o Azevedo veio até mim e disse que o PL não tinha amparo para dar aquele dinheiro. Eu disse a ele: ‘então morre o assunto’. E o assunto morreu”, disse
Em outro momento, ao ser perguntado sobre mensagens com críticas ao ex-comandante da Aeronáutica atribuídas a ele, o ex-ministro afirmou que foram tiradas de contexto e que não se recorda de ter enviados mensagens para “infernizar” a vida do militar.
Mensagens apreendidas pela Polícia Federal atribuem a Braga Netto o seguinte texto: “Senta o pau no Batista Jr. Inferniza a vida dele e da família”.
Para a PGR, Braga Netto teve papel relevante na coordenação de pressão sobre os comandantes das Forças Armadas e, mesmo com a negativa em depoimento, as mensagens são literais.