A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que anunciou nesta terça-feira ter deixado o Brasil.
A avaliação de auxiliares do procurador-geral da República, Paulo Gonet, é de que a viagem pode ser uma estratégia da parlamentar para fugir da pena de dez anos de prisão imposta pelo STF.
Zambelli foi condenada na Corte por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e adulterar documentos. A pena ainda não começou a ser executada, porque ainda não foram esgotados os recursos.
Contudo, interlocutores da PGR afirmam que a deputada produziu contra si mesma provas de “mobilidade internacional” e, portanto, da possibilidade de escapar da jurisdição brasileira.
Em uma entrevista à rádio Auri Verde, a parlamentar disse que já está fora do Brasil e que vai pedir licença do seu mandato, aos moldes do que fez o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Dois pontos de contradição chamaram a atenção da PGR. O primeiro é o motivo da viagem. Zambelli disse primeiro que era para dar continuidade a um tratamento de saúde, mas depois admitiu que quer denunciar uma suposta perseguição política do Supremo.
O outro aspecto inconsistente é sobre o destino da deputada. À CNN, ela disse estar na Itália e que, por ter cidadania no país europeu, não poderia ser deportada. Depois, porém, a versão foi de que ela estava nos Estados Unidos e viajaria para a Itália na sequência.
Isso gerou dúvidas em fontes próximas a Gonet sobre qual, afinal, é o verdadeiro paradeiro da parlamentar, o que também justificaria a prisão preventiva. Parlamentares da base do governo devem representar junto à PGR requerendo a medida.
O pedido de preventiva precisa ser autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator da ação penal que gerou a condenação. A tendência é de que ele dê esse aval. A partir daí, será definida qual a melhor forma de cumprir a decisão.
Uma das hipóteses é fazer um pedido diplomático de prisão preventiva para extradição, o que poderia ser viabilizado pelo departamento de cooperação internacional do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Depois que Zambelli anunciou que está fora do país, seu advogado, Daniel Bialski, deixou a defesa da deputada. Ele disse que não foi comunicado de antemão sobre a viagem, mas que a decisão de se afastar foi “por motivo de foro íntimo”.