A Petrobras não deve aumentar os preços do diesel e da gasolina por enquanto. Segundo apuração da CNN com fontes que acompanham o debate na estatal, o reajuste foi debatido na primeira reunião do Conselho de Administração da companhia.
Fontes disseram ao blog que a diretoria da empresa apresentou dados sobre o modelo de precificação da Petrobras que, na visão dos diretores, não indicariam a necessidade de reajuste, pelo menos não ainda.
A fórmula do novo modelo adotado desde a chegada de Lula à presidência é guardada a sete chaves, “sem transparência”, como dizem analistas do mercado que acompanham a Petrobras.
Sem entender o que vai na conta da companhia, investidores privados dão mais peso à comparação com os preços do mercado internacional, e acompanham com apreensão as decisões da estatal, com receio de excesso de intervenção do governo.
A possibilidade de promover aumento no diesel foi discutida entre a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o presidente Lula, em reunião no Palácio do Planalto nesta semana.Play Video
No encontro, ministros do governo disseram a Magda que, diante da queda mais recente do dólar, viam condições de manutenção do preço atual dos combustíveis, sem comprometer a rentabilidade da Petrobras.
Segundo relatos, a executiva teria concordado com a estabilidade da gasolina, mas dito que o valor do diesel estava mais pressionado e que poderia sair um reajuste. Ponderou, no entanto, que as contas ainda estavam sendo feitas pela área técnica da estatal.
Chambriard não participou da primeira reunião do CA da Petrobras nesta quarta-feira (20) porque estava de volta ao Planalto para debater a exploração de petróleo na margem equatorial, esvaziando o debate sobre os reajustes nos combustíveis.
Promover alta nos preços agora poderia piorar muito a popularidade do governo que está lidando com reação da sociedade ao aumento dos preços nos alimentos.
Qualquer reajuste na gasolina ou no diesel pode impactar a inflação no curto e no médio prazo, dificultando trabalho do BC com a taxa de juros e comprometendo ainda mais o poder de compra dos consumidores.
A defasagem dos preços dos combustíveis chegou a quase 30% há semanas, quando o dólar rodava acima dos R$ 6,00 e o barril do petróleo perto dos US$ 80 no mercado internacional.
Nos últimos 10 dias, o preço do petróleo caiu e o real se valorizou, reduzindo muito a diferença dos preços internos na comparação com os praticados no exterior.
Segundo cálculos da Abicom, entidade que representa os importadores de combustíveis, a defasagem estava em 16%, ou R$ 0,55, para o diesel, e de 8%, ou R$ 0,24 para a gasolina nesta quarta-feira (29).