Pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação e Economia Social (Lepes), em parceria com o Instituto Sonho Grande e o Instituto Natura, diagnosticou aumento da aprendizagem dos alunos do 6º a 9º ano da rede pública de São Paulo que estão em regime de ensino integral. Os dados mostram melhora de 35% no aprendizado de matemática e 26% no de língua portuguesa. O diagnóstico foi concluído com base nas notas do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). Para Arthur Buzatto, presidente e mantenedor da Escola Vereda em São Paulo, a constatação veio na prática. A proposta do ensino integral é reforçar as disciplinas tradicionais, mas também complementar o currículo regular com atividades que impulsionam o desenvolvimento pleno, incluindo esportes, idiomas, programação e atividades que promovem o progresso socioemocional dos alunos. “Entendemos que qualidade no ensino envolve muitos critérios e que eles são abrangentes. Aprovação no vestibular, alto índice de empregabilidade, senso crítico, competências sociais… tudo isso compõem a qualidade. É por isso que apostamos na educação integral: mais tempo para trabalhar com o estudante e, claro, ter instrumentos efetivos para cobrir todos esses aspectos.”
A pesquisa utilizou dados de 2013 (ano em que o programa de ensino integral começou a ser implementado nas escolas públicas de ensino fundamental em São Paulo) até 2019. Roberta Biondi, doutora em economia pela FGV-SP e uma das coordenadoras da pesquisa, contou que os pesquisadores estão otimistas, já que os estudos comprovam que quanto maior é o tempo de trabalho da escola no modelo de ensino integral, melhor é o desempenho dos estudantes. Ela destaca ainda que, além do tempo estendido para trabalhar as disciplinas tradicionais, o modelo também impulsiona o aprendizado por meio do estudo de outras áreas do conhecimento, nas disciplinas extracurriculares.
Benefícios para as crianças e para os responsáveis
“Percebemos que um dos aspectos fundamentais, quando se fala em educação integral, é a alimentação. Por isso, também oferecemos alimentação equilibrada para o dia, com lanche e almoço, sem qualquer custo adicional na mensalidade, visto que a nutrição é fundamental para a qualidade do aprendizado.” Buzatto conta que a decisão veio após observar que algumas crianças comiam salgadinhos, doces, pipoca ou outros alimentos com alta taxa de gordura e baixo valor nutricional. Desta forma, a instituição buscou parcerias para absorver os custos da oferta e observou os efeitos nos alunos e também nas relações familiares. “Muitas vezes é uma questão de sobrecarga. A mãe e o pai trabalham e precisam de suporte. A nossa atenção tem o objetivo de garantir a qualidade. Isso exige de nós uma gestão inteligente e receptiva às questões da comunidade escolar.” Reuniões semanais também acompanham casos que exigem atenção psicossocial, questões de saúde ou relacionais, atuando para coibir práticas como o bullying, a discriminação ou oferecendo apoio para estudantes que precisam de aulas complementares por algum motivo. “O ensino integral permite isso. Temos mais tempo com cada aluna, com cada aluno. Conhecemos as famílias, podemos nos aproximar e entender qual a melhor forma de abordar esta ou aquela questão.” Buzatto ainda destaca os indicadores que a instituição utiliza para medir seu sucesso: alta taxa de rematrícula, baixa taxa de evasão, alto nível de alfabetização na idade correta, alto índice de aprovação no vestibular, etc. “No começo deste ano saiu o resultado da 18ª Olimpíada de Matemática. A Vereda está na vigésima posição no Estado de SP, em termos de número de medalhas. São 11 mil escolas privadas no Estado. É uma posição fantástica e indica que estamos no caminho certo.”
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