A incidência de miopia entre crianças e adolescentes brasileiros aumentou nos últimos anos. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), 7,6% das pessoas com idade entre 3 e 18 anos possuem a doença. Neste grupo, a maior prevalência está entre as que residem em áreas urbanas, chegando a 20,4%.
O contraste de diagnósticos pode ser considerado relevante quando comparado com a taxa de crianças e adolescentes de comunidades quilombolas rurais, que é de 1,06%. Este dado corrobora com evidências científicas levantadas em estudos recentes.
Um artigo publicado no Journal of International Medical Research, por exemplo, apontou alguns mecanismos associados aos fatores de proteção contra a miopia.
- Dopamina: durante o dia, os níveis de luz e comprimentos de onda mais curtos nos ambientes ao ar livre formam uma condição favorável para liberação de dopamina, neurotransmissor que dificulta o desenvolvimento da doença ocular.
- Vitamina D: a exposição dos indivíduos aos raios solares contribui para a síntese da vitamina D, o que inibe o avanço da miopia.
Segundo o CBO, a miopia surge como consequência de uma predisposição genética, mas, também, pode se desenvolver a partir de fatores ambientais. Isto é, os hábitos e o estilo de vida podem determinar o grau de risco para uma criança ou adolescente ser acometido por este distúrbio da refração ocular.
Redução de riscos
Com o ritmo acelerado das grandes cidades, o tempo de contato com espaços verdes acaba sendo reduzido. Por consequência, crianças e adolescentes substituem o tempo ao ar livre pelas telas, seja de smartphones, tablets ou televisão. O uso excessivo desse recurso está associado com prejuízos à visão e à saúde cognitiva e social.
Por essa razão, o Conselho orienta o controle do tempo de tela. Segundo uma cartilha produzida pelo CBO, em parceria com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP), para preservar a saúde ocular de crianças e adolescentes, o tempo de exposição deve ser:
Abaixo de 2 anos: nenhuma exposição às telas.
Entre 2 e 5 anos: limitar a, no máximo, 1 hora diária.
Entre 6 e 10 anos: entre 1 e 2 horas ao dia.
Entre 11 e 18 anos: até 3 horas diárias.
Além disso, as instituições recomendam que nestes casos seja aplicada a regra de 20-20-20. Ou seja, a cada 20 minutos em frente da tela, 20 segundos de descanso olhando para algo que esteja distante. A prática cotidiana de atividades ao ar livre, com exposição solar indireta, também é recomendada.
Diagnóstico e tratamento
A medicina e a oftalmologia avançam no sentido de viabilizar o diagnóstico precoce e o controle da progressão da miopia. Com isso, se reduzem as chances de crianças e adolescentes terem seu desempenho escolar comprometido ou sofram com os demais sintomas da doença, como fadiga e dores de cabeça.
Para que os resultados das intervenções clínicas possibilitem um prognóstico ainda mais positivo, a mudança no padrão de comportamento deve ocorrer. Afinal, como mostram as evidências científicas recentes, brincar e passear ao ar livre beneficiam a saúde como um todo, inclusive a dos olhos.