A coceira certamente está entre os incômodos que causam a maior sensação de agonia e, para se livrar dela, rapidamente e até de modo quase que automático, levamos a mão ao local do desconforto e o alívio costuma ser imediato. O problema é que as consequências do ato de coçar, especificamente a região dos olhos, vão desde o risco de infecções causadas pela presença de sujeira, bactérias e vírus nas mãos à possibilidade de desenvolvimento do ceratocone.
O Ministério da Saúde estima que cerca de 150 mil brasileiros desenvolvam ceratocone todos os anos. A doença causa afinamento da córnea, fazendo com que a estrutura fique com um formato semelhante ao de um cone. O ceratocone é um dos principais responsáveis pelos transplantes de córnea e pode surgir ou agravar pelo hábito, aparentemente inofensivo, de coçar os olhos, o que costuma ser mais recorrente em quem sofre com alergias sazonais como a rinite, por exemplo.
Como o ceratocone não tem cura, mas tem tratamento, o diagnóstico precoce é importantíssimo para evitar a perda visual, como explica a médica oftalmologista do Hospital de Olhos, Dra. Érica Meneses. “O diagnóstico do ceratocone em estágios iniciais evita a progressão da doença e, consequentemente, a perda visual. Como opções terapêuticas para parar a progressão do ceratocone temos o crosslinking e para a melhora da visão o anel corneano, óculos, lente de contato e, em última opção, o transplante de córnea. Assim, quanto mais cedo diagnosticamos, melhor o resultado visual. No entanto, melhor do que tratar é não desencadear a doença e isso acontece se não coçarmos os olhos”, alerta a especialista.
Entre os principais sintomas causados pelo ceratocone estão a visão embaçada, maior sensibilidade à luz e o aumento da miopia e do astigmatismo. A doença costuma surgir dos 13 aos 18 anos e tende a se estabilizar por volta dos 35. “Para tornar possível o diagnóstico precoce, é recomendado que todo mundo faça no mínimo um check-up oftalmológico anual e que antecipe a ida ao médico caso sinta qualquer desconforto”, acrescenta a oftalmologista.
Para conscientizar as pessoas sobre os riscos do ceratocone foi criada a campanha Junho Violeta, celebrada neste mês. A campanha visa conscientizar sobre a importância de não coçar os olhos, do diagnóstico precoce e da consulta com o médico oftalmologista regularmente em busca de manter a saúde ocular.
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