Quando o assunto é papada, também conhecido como o famoso queixo duplo, o principal questionamento gira em torno das motivações. Afinal, a condição está sempre relacionada ao acúmulo de gordura? Embora o senso comum diga que sim, a resposta correta é não.
Antes de tudo é necessário entender o que, de fato, é esse excesso de pele na região. À CNN, o biomédico Thiago Martins, mestre em Medicina Estética, explica que o diagnóstico pode ser decorrente de diferentes fatores, como flacidez devido ao envelhecimento ou perda de elasticidade, além das alterações anatômicas, como a posição do queixo ou do osso hioide, que podem influenciar nessa aparência.
“Questões genéticas também podem motivá-la, o que explica por que algumas pessoas apresentam papada mesmo sem qualquer ganho de peso”, diz.
Papada nem sempre está relacionada ao sobrepeso
Ainda que o sobrepeso seja uma causa comum no aparecimento da papada devido ao depósito de gordura localizada, ele não é o único responsável.
“Pessoas magras também podem apresentar papada devido a fatores genéticos, flacidez da pele associada ao envelhecimento ou alterações estruturais da face e do pescoço. Assim, não é correto presumir que a presença de papada esteja sempre ligada ao excesso de peso”, afirma.
Na maioria dos casos, a papada representa um incômodo estético e não traz consequências graves à saúde. Contudo, em alguns indivíduos, especialmente aqueles com excesso significativo de volume na região, pode haver desconforto funcional, como dificuldade em movimentar o pescoço ou até alterações posturais.
“O acúmulo de gordura na papada pode ser indicador de excesso de gordura corporal em outras áreas, o que pode aumentar o risco de doenças metabólicas, como diabetes e hipertensão”, acrescenta.
É possível evitar o excesso de pele na papada?
Embora fatores genéticos e estruturais não possam ser evitados, existem medidas que ajudam a prevenir ou retardar o surgimento da papada. Manter o peso corporal dentro da faixa saudável, adotar uma dieta balanceada rica em antioxidantes e praticar atividades físicas regulares são estratégias importantes.
“Além disso, o uso diário de filtros solares, associado a uma rotina de cuidados com a pele que inclua ativos firmadores e hidratantes, pode ajudar a preservar a elasticidade, diminuindo a chance de flacidez na região”, diz.
Também à CNN, o dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, entrega que, passar muito tempo com a cabeça para baixo, mexendo no celular, pode potencializar o excesso de pele.
“Isso contribui com o surgimento da “tech neck” (“pescoço tecnológico, em português). Esse hábito provoca um aumento da pressão na pele do pescoço e pode levar à formação de pregas, perda de firmeza da região e até mesmo à flacidez precoce. Essa postura repetitiva pode, a longo prazo, acentuar a papada, tanto pelo efeito mecânico quanto pela piora da circulação local”, comenta.
Procedimentos disponíveis no mercado
Atualmente, existe uma gama de procedimentos dermatológicos eficazes no tratamento da papada, que variam conforme a causa do problema (gordura, flacidez ou ambos).
“Para casos de acúmulo de gordura, tratamentos como a aplicação de enzimas lipolíticas (mesoterapia), criolipólise de papada ou aparelhos de ultrassom microfocado são indicados. Para flacidez, técnicas como radiofrequência, bioestimulação de colágeno com ácido polilático, fios de sustentação e até lasers podem ajudar. Em casos mais avançados, uma avaliação com um cirurgião plástico para lipoaspiração ou lifting cirúrgico pode ser uma opção”, comenta.
A importância do colágeno para evitar a papada
A produção natural de colágeno diminui com o envelhecimento, o que pode propiciar a flacidez da pele sob o queixo. Para estimular a produção nessa região, tratamentos como o ultrassom microfocado e a radiofrequência são altamente eficazes.
“Além disso, substâncias bioestimuladoras, como ácido polilático ou hidroxiapatita de cálcio, podem ser aplicadas para melhorar a textura e firmeza da pele. Outra alternativa é o uso contínuo de cremes tópicos com ativos como retinol, vitamina C e peptídeos, que ajudam a manter a pele mais firme. Adotar uma alimentação rica em vitamina C, zinco e aminoácidos essenciais também contribui para a síntese de colágeno no organismo”, diz o dermatologista.
E os exercícios diários?
Existem exercícios que prometem melhorar a papada, mas é importante esclarecer que a evidência científica sobre sua eficácia ainda é limitada. Alguns estudos sugerem que a prática regular de exercícios faciais pode ajudar a tonificar levemente a musculatura da face e do pescoço, mas isso não significa, necessariamente, uma redução de gordura ou uma melhora significativa do contorno da região submentoniana.
“A papada, na maioria das vezes, está relacionada a fatores como acúmulo de gordura localizada, flacidez cutânea e perda de suporte profundo — situações que geralmente exigem tratamentos clínicos específicos, como enzimas lipolíticas, bioestimuladores, ultrassom microfocado ou mesmo cirurgia. Exercícios faciais podem ser vistos como um cuidado complementar, mas não substituem abordagens mais estruturadas e eficazes”, conclui Lucas.