Em um período de 38 anos, a área alagada do Pantanal diminuiu 61%, é o que indicou um levantamento realizado pelo MapBiomas e divulgado nesta terça-feira (12).
Segundo a entidade, nas últimas três décadas o bioma está alagando uma área menor e ficando seco por um período maior no ano. A média histórica contabilizada refere-se ao período de 1985 a 2023.
A níveis de comparação, o ano passado foi 38% mais seco que 2018 no bioma, ocorrendo no ano de 2023 a redução de água de 61% em relação à média histórica estabelecida pelo MapBiomas desde 1985.
Com os tempos de cheias cada vez mais reduzidos, somados à presença da seca mais prolongada na região, o cenário favorece significativamente a ocorrência de incêndios mais intensos na área.
O fenômeno, que afeta os padrões de cheias e secas, tem efeitos na incidência de queimadas no bioma.Play Video
Entre 1985 e 1990, a extensão em fogo correspondia a áreas naturais em processo de conversão e consolidação de pastagem. Após uma cheia registrada em 2018, a recorrência de incêndios aumentou no entorno do Rio Paraguai.
De 2019 a 2023, o fogo atingiu locais que no início da série de mapeamento, de 1985 a 1990, eram permanentemente alagados.
Agora, enfrentam períodos prolongados de seca. Ao todo, de 2019 a 2023, foram 5,8 milhões de hectares queimados no bioma. A região mais atingida foi justamente as áreas que antes eram alagadas no entorno do Rio Paraguai.
De acordo com a iniciativa que mapeia a cobertura e o uso da terra do Brasil, a água que chega ao Pantanal depende principalmente das chuvas que caem no planalto que, primeiro, enchem o Rio Paraguai no norte do bioma. Depois, já cheio, o rio transborda e represa as águas das chuvas que caem no leste do bioma.
Os anos mais recentes do levantamento, de 2019 a 2023, apresentaram a menor área alagada, estando os períodos de cheias, de fevereiro a abril, cada vez menores e os períodos de secas, que correspondem a julho e a outubro do ano, cada vez maiores.
As planícies do bioma foram as áreas naturais menos afetada, sendo assim as que sofreram menor perda. Entre 1985 e 2023, as pastagens exóticas na planície pantaneira passaram de 700 mil hectares para 2,4 milhões de hectares.