Os medicamentos Olire, para o tratamento de obesidade, e Lirux, para diabetes tipo 2 — ambos desenvolvidos pela farmacêutica EMS — chegaram às farmácias na segunda-feira (4). Com produção realizada no Brasil, as canetas são consideradas popularmente como “Ozempic brasileiro“.
O princípio ativo da Olire e do Lirux é a liraglutida, uma molécula análoga de GLP-1, um hormônio produzido pelo intestino liberado na presença de glicose. Ele sinaliza ao cérebro que estamos alimentados, diminuindo o apetite, além de aumentar os níveis de insulina e equilibrar os níveis de açúcar no sangue. Isso faz o medicamento ser da mesma classe de Saxenda, Victoza, Ozempic e Wegovy, todos da Novo Nordisk, e do Mounjaro, da Eli Lilly.
A seguir, veja 7 perguntas e respostas sobre os novos medicamentos brasileiros:
1. O que é liraglutida?
A liraglutida é uma molécula análoga ao GLP-1, hormônio produzido pelo intestino e liberado na presença de glicose. Ele sinaliza ao cérebro que estamos alimentados, diminuindo o apetite, além de aumentar os níveis de insulina e equilibrar os níveis de açúcar no sangue.
“A liraglutida age no cérebro, diminuindo a fome, a compulsão e aquela busca constante por comida, e também no estômago, retardando o esvaziamento gástrico. Ou seja, é uma medicação que atua em múltiplos pontos do apetite e da saciedade”, explica Tassiane Alvarenga endocrinologista e metabologista, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Esse é o mesmo princípio ativo dos medicamentos Saxenda e Victoza, que foram descontinuados pela Novo Nordisk, que são de uma geração anterior de canetas injetáveis para diabetes e obesidade. A patente destes medicamentos caiu este ano no Brasil, o que permitiu a fabricação de Olire e Lirux no país.
2. Qual a diferença entre as canetas brasileiras e seus concorrentes?
A principal diferença entre Olire e Lirux e as canetas concorrentes, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, é o princípio ativo. Enquanto o medicamento brasileiro é composto por liraglutida, o Ozempic e o Wegovy são feitos a base de semaglutida, uma molécula que também é análoga ao GLP-1.
Já o Mounjaro possui como princípio ativo a tirzepatida, que atua no organismo ativando os receptores do GLP-1 e do GIP. Esses dois hormônios são encontrados em áreas do cérebro humano e são importantes para a regulação do apetite, além de aumentar a produção de insulina pelo pâncreas para manter o controle do açúcar no sangue.
3. Qual é a eficácia do “Ozempic brasileiro”?
Segundo estudos clínicos, o Olire possui eficácia média de 8% a 10% de perda de peso ao longo de seis meses a 1 ano. Já o Lirux demonstrou a melhora do controle da glicemia (nível de açúcar no sangue), reduzindo a glicemia em jejum e pós-prandial (após as refeições) em pacientes com diabetes tipo 2 após 24 horas da aplicação.
4. O “Ozempic brasileiro” é um medicamento genérico?
O medicamento da EMS é produzido inteiramente no Brasil, e é o primeiro dessa categoria a ser fabricado por aqui. Além disso, os medicamentos não são considerados genéricos. Segundo a farmacêutica, a liraglutida foi aprovada pela Anvisa como um novo medicamento de ingrediente ativo já registrado no Brasil, fruto de inovação tecnológica exclusiva no país, baseada em plataforma de síntese química.
“Olire e Lirux são medicamentos à base de liraglutida, produzidos a partir de uma tecnologia moderna que envolve a síntese química de peptídeos e é pautada nos guias da FDA (agência americana) mundialmente reconhecidos, reproduzindo a cadeia peptídica com alto grau de pureza e rendimento. Essa tecnologia é a que está viabilizando inclusive as novas gerações de hormônios peptídicos”, explica Iran Gonçalves Jr., diretor médico da EMS, em comunicado.
5. Qual é a dosagem do “Ozempic brasileiro” e como deve ser aplicado?
Como os análogos de GLP-1 disponíveis no Brasil, ele será aplicado via injeção subcutânea. A liraglutida costuma requerer injeções diárias, o que será o caso do Olire e Lirux — diferentemente da semaglutida (princípio do Ozempic e Wegovy), que costuma ser tomada uma vez por semana.
A dose de Lirux é até 1,8 mg ao dia e será comercializada em embalagens com uma, duas, três, cinco e dez canetas. Enquanto o Olire pode ter a aplicação de até 3 mg diários, e terá pacotes com uma, três e cinco canetas. Cada caneta possui 3 ml da solução com concentração de 6 mg/ml.
Um alerta importante é a contagem dos “cliques” da nova caneta. Ao contrário dos dispositivos importados, a Olire exige atenção na dosagem:
- 0,6mg = 10 cliques
- 1,2mg = 20 cliques
- 1,8mg = 30 cliques
- 2,4mg = 40 cliques
- 3,0mg = 50 cliques
“Não é uma caneta de ‘apertar e pronto’. É um medicamento que requer ajuste, estratégia e acompanhamento. Estamos falando de um tratamento para uma doença crônica, que exige prescrição médica, orientação nutricional, movimento, sono e rotina adequada. Não existe solução mágica”, afirma Alvarenga.
6. Para quem é indicado?
O tratamento com Olire é indicado para obesidade ou sobrepeso em pacientes com IMC acima de 27, desde que associado a alguma comorbidade, como diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia (colesterol alto), risco cardiovascular, doenças renais ou coronárias.
Enquanto o tratamento com Lirux é indicado para o tratamento de adultos, adolescentes e crianças acima de 10 anos com diabetes tipo 2, quando dieta e exercício físico sozinhos não conseguem controlar a glicemia.
7. Quanto custa?
Segundo a EMS, os medicamentos terão preços sugeridos a partir de R$ 307,26 (embalagem com 1 caneta), R$ 507,07 (Lirux com 2 canetas) e R$ 760,61 (Olire com 3 canetas).
A farmacêutica afirmou que até o final deste ano 250 mil unidades deverão estar disponíveis no varejo, chegando a 500 mil canetas até o mês de agosto de 2026.