A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (3), com o apoio da Receita Federal e em parceria com o MPF (Ministério Público Federal) e autoridades policiais da Irlanda, uma operação contra uma organização criminosa transnacional envolvida em tráfico internacional para exploração sexual e lavagem de dinheiro.
Além do tráfico humano, os investigados são suspeitos de praticarem rufianismo, falsidade documental, infrações tributárias e crimes contra o sistema financeiro do Brasil. Segundo a PF, o grupo atua desde 2017 e fatura cerca de R$ 5 milhões por ano com o esquema criminoso.
Batizada de Operação Cassandra, a ação é realizada em conjunto com a Europol e ocorre simultaneamente na Irlanda. No país europeu, foi deflagrada a ofensiva com o nome de Operation Rhyolite, que também tem como alvo integrantes da mesma rede criminosa. Lá as autoridades cumprem três mandados de prisão e buscas nas residências e estabelecimentos ligados ao grupo para lavar dinheiro.
No Brasil, 120 policiais federais e sete servidores da Receita Federal cumprem cinco mandados de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão em seis estados. A Justiça Federal também autorizou medidas cautelares contra outros 13 brasileiros, incluindo entrega de passaporte, proibição de deixar o país e de manter contato com as vítimas.
Até o momento, foram identificadas cerca de 70 mulheres exploradas sexualmente que também eram rigorosamente vigiadas pelo grupo.
Como funcionava o esquema
Segundo as investigações, nos últimos oito anos, pelo menos 69 brasileiras foram vítimas da organização criminosa. Os países de exploração se estendem entre Irlanda, Nova Zelândia, Reino Unido, México, Croácia, Grécia, Israel, Singapura, Arábia Saudita e África do Sul.
As vítimas eram atraídas com promessas de melhores condições de vida e levadas ao exterior com vistos obtidos por meio de propostas de emprego ou estudo, além de documentos falsificados utilizados para burlar o controle de migração.
A rede ofertava os serviços sexuais pela internet, organizava o agendamento dos atendimentos e recebia os pagamentos. Mensalmente o grupo movimentava cerca de R$ 700 mil por mês.
O dinheiro era lavado por meio de empresas no Brasil, e também utilizado na compra de bens e imóveis, além de investimentos em fundos financeiros e criptoativos
Mandados cumpridos nas cidades:
- Santa Catarina
- Florianópolis: 7 mandados de busca e apreensão, 1 mandado de prisão;
- São José: 7 mandados de busca e apreensão, 3 mandados de prisão preventiva;
- Camboriú: 1 mandado de busca e apreensão, 1 mandado de prisão preventiva;
- Biguaçu: 2 mandados de busca e apreensão, 1 mandado de prisão preventiva;
- Palhoça: 5 mandados de busca e apreensão.
- São Paulo: 1 mandado de busca e apreensão;
- Franca: 1 mandado de busca e apreensão;
- Barueri: 1 mandado de busca e apreensão.
- Rio de Janeiro: 2 mandados de busca e apreensão, 1 mandado de prisão preventiva.
- Curitiba: 1 mandado de busca e apreensão.
- Cuiabá: 1 mandado de busca e apreensão.
- Belo Horizonte: 1 mandado de busca e apreensão.
Crimes cometidos
Os investigados responderão por no mínimo 8 crimes.
- organização criminosa;
- tráfico internacional de pessoas;
- exploração sexual;
- rufianismo;
- lavagem de dinheiro;
- falsificação de documentos;
- sonegação fiscal;
- e crimes financeiros contra o sistema nacional.
No Ministério Público Federal, a investigação é conduzida pela Unidade Nacional de Enfrentamento do Tráfico Internacional de Pessoas e do Contrabando de Migrantes (UNTC), em parceria com o Grupo Nacional de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Nacional) e o Grupo de Apoio (GA) Criptoativos da Câmara Criminal (2CCR).