Os preços do café devem permanecer em uma tendência de queda na Bolsa de Nova York para o terceiro trimestre, à medida que a colheita do Brasil se aproxima do fim, e que deve favorecer a disponibilidade do grão no mercado físico. A análise é da StoneX.
Além do aumento no mercado interno, a consultoria prevê recuperação das exportações brasileiras de café no segundo semestre do ano, após uma queda no primeiro semestre devido aos altos preços e oferta limitada. Isso deve trazer ainda mais pressão de baixa para o café, considerando que o país é o maior exportador mundial do grão.
A despeito desse bom momento na oferta, a consultoria ressalta que as condições climáticas continuarão sendo um ponto de atenção. A possível chegada de massas de ar polar durante o inverno pode dar suporte aos preços e aumentar a volatilidade.
“No terceiro e quarto trimestres, o retorno oportuno das chuvas será crucial para a florada e o desenvolvimento da safra de 2026. Caso as chuvas retornem como esperado, o otimismo em relação à próxima colheita poderá aumentar, pressionando os preços para baixo. No entanto, qualquer atraso nas chuvas pode prejudicar a florada e o desenvolvimento da safra, o que, por sua vez, sustentaria os preços em níveis mais altos”, destacou a StoneX, em boletim.
Economia e consumo
Observando o panorama global, o terceiro trimestre trará muitas incertezas pelo lado do consumo. Se as tendências inflacionárias se mantiverem, o impacto dos custos mais altos se tornará cada vez mais evidente para o consumidor.
A demanda nas principais regiões consumidoras de café, como os EUA e a UE, poderá sofrer devido ao aumento dos preços e às pressões inflacionárias.
No lado da oferta, a perspectiva de uma safra maior no Vietnã na temporada 2025/26 e o início da colheita no quarto trimestre contribuirão para um sentimento baixista no mercado de robusta.
Nos próximos três meses, o mundo ainda estará analisando e se ajustando às novas tarifas de importação dos EUA. Isso aumentará os custos para os importadores, e varejistas menores poderão enfrentar dificuldades financeiras. Tarifas retaliatórias podem significar mudanças nos processos de origem, maior substituição nas misturas e demanda desequilibrada por certas origens.
Oferta da próxima safra
A StoneX destaca que o mercado global de café irá avaliar o balanço da nova safra. “Levando em conta os preços mais altos do café e seu impacto na demanda, além das estimativas de produção pós-florada dos principais produtores, o terceiro trimestre é quando começam a circular a maioria das previsões de oferta e demanda”.
O Relatório Mundial de Café semestral do USDA projetou um aumento de 2,46% na produção global de café em relação ao ano anterior, totalizando 178,7 milhões de sacas. Quanto ao consumo, a projeção indica uma alta de 1,87%, alcançando 169,4 milhões de sacas. Isso resultaria em um excedente superior a 9 milhões de sacas.
Apesar da expectativa de melhora na oferta, essa projeção diverge das percepções do mercado, especialmente diante da previsão de uma safra menor no Brasil em 2025. Ao contrário do USDA, a StoneX enxerga um balanço global muito mais apertado, próximo da neutralidade.