O Brasil entra nos próximos meses em seu período de maior produção de açúcar, o que deve manter as cotações internacionais pressionadas ao menos até agosto, avaliou a consultoria StoneX.
Segundo a consultoria, o terceiro trimestre de 2025 marca “o pico de disponibilidade de açúcar bruto para exportações por parte do Brasil”. Com isso, ainda que alguns compradores internacionais voltem ao mercado com importações mais robustas, o Brasil terá excedente exportável.
As projeções das consultorias estão variando bastante, indicando que o país deve produzir desde 40 milhões de toneladas até 44 milhões de toneladas de açúcar nesta safra. Neste momento da safra, as usinas maximizam a produção de açúcar por causa da maior concentração de sacarose na planta. Em maio, o mix açucareiro do Centro-Sul já superava 50%.
Segundo a StoneX, o desempenho da produtividade dos canaviais da região entre julho e agosto será determinante para indicar se a moagem total de cana vai ou não ultrapassar 600 milhões de toneladas.
No cenário global, outros produtores importantes também devem aumentar sua produção, elevando a pressão sobre os preços. Segundo a consultoria, Índia e Tailândia devem conjuntamente aumentar o volume de açúcar exportado na próxima safra em 5 milhões de toneladas.
A produção destes países é diretamente atrelada às chuvas de monções, que neste ano começaram mais cedo. Na Índia, as monções começaram em maio, e as perspectivas para o período de junho a setembro são positivas. A StoneX estima que o país aumentará sua produção de açúcar na próxima safra em 6 milhões de toneladas, para 32,2 milhões de toneladas.
Etanol
No caso do etanol, os fundamentos do mercado indicam que os preços do biocombustível devem ser mais altos nesta safra sucroalcooleira 2025/26, com perspectiva de estoques mais apertados na entressafra de cana-de-açúcar, segundo a consultoria StoneX.
Os preços do etanol já começaram a subir em meados de junho como reflexo das chuvas que interromperam os trabalhos de colheita nos canaviais, e da oficialização ocorrida no mês do aumento da mistura de etanol anidro à gasolina para 30% (E30), válida a partir de agosto.
Os estoques de etanol já estão mais baixos neste ano do que no ano passado, e a tendência é que os estoques continuem mais apertados até o fim da temporada, segundo a consultoria.
Essa tendência se dá pela perspectiva de um mix mais açucareiro por parte das usinas do Centro-Sul nesta safra, em média, e também diante de uma potencial quebra de safra de cana, o que traria impacto à oferta de etanol mesmo com o aumento da produção do biocombustível a partir do milho.
A Stonex estima por ora que a produção de etanol vai diminuir em 2 bilhões de litros nesta safra.
Neste cenário, a consultoria enxerga uma tendência de alta nos preços do etanol hidratado, que deve diminuir seu diferencial competitivo ante a gasolina, mas não anulá-lo. Na avaliação da StoneX, o biocombustível continuará mais vantajoso na entressafra, abaixo dos 70% de paridade com a gasolina.