As diligências que ainda estão em curso para investigar uma tentativa de golpe de Estado no Brasil devem adiar o eventual oferecimento de denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A avaliação do entorno do procurador-geral, Paulo Gonet, é de que o seu perfil cauteloso indica que ele deve aguardar os novos desdobramentos antes de decidir acusar formalmente os indiciados pela Polícia Federal (PF).
Nesta quinta-feira, por exemplo, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, depõe novamente à PF. Por ter celebrado uma delação premiada, ele precisa estar à disposição dos investigadores sempre que esclarecimentos forem necessários.
Cid tem prestado informações que subsidiam inquéritos que miram Bolsonaro, como o do golpe de Estado, o da falsificação do cartão de vacinação, o da venda de joias sauditas no exterior e o da “Abin Paralela”.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, já admite que o relatório conclusivo sobre o esquema de espionagem ilegal — o único ainda pendente — pode ficar para 2025. Inicialmente, havia uma previsão de conclusão antes do fim deste ano.Play Video
No caso do golpe de Estado, o relatório de 884 páginas ainda deve ser complementado. O depoimento do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, por exemplo, foi tomado apenas na semana passada e não consta no documento original. Ele ainda pode vir a ser indiciado.
Auxiliares de Gonet vinham afirmando que o oferecimento da denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) ficaria para o início de fevereiro, quando o Poder Judiciário retoma os trabalhos após o recesso.
Porém, a depender da demora das novas diligências da PF, a acusação pode levar mais alguns meses. Ainda assim, a ideia é de que isso seja feito no máximo até junho, para que o STF julgue ainda em 2025 e evite “embolar” o cenário com as eleições de 2026