A diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, representou o setor nesta quarta-feira (3/9) em audiência pública realizada em Washington (EUA) e negou a existência de práticas desleais no comércio de produtos brasileiros ao mercado americano.
A audiência foi promovida pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) e é referente à Seção 301 da Lei de Comércio que permite ao Poder Executivo apurar práticas comerciais que possam ser consideradas “desleais ou discriminatórias”. A lei também permite a aplicação de sanções, de forma unilateral, caso sejam comprovadas irregularidades.
“Os produtores rurais brasileiros operam sob normas rigorosas de conformidade, garantindo segurança, qualidade e transparência aos consumidores internacionais — inclusive aos norte-americanos”, afirmou Mori em seu pronunciamento.
Ela enfatizou que a competitividade do Brasil no agronegócio é decorrente de fundamentos como os recursos naturais e investimentos em inovação, “e não por práticas desleais de comércio”.
Sobre o mercado de etanol, um dos pontos levantados na investigação dos EUA, a diretora informou que, em 2024, o Brasil importou dos Estados Unidos 17 vezes mais etanol do que da Índia, enquanto o México não registrou exportações relevantes.
Sueme afirmou também que o Brasil possui uma rede limitada de acordos comerciais. No caso do setor agropecuário, apenas 5,5% das exportações brasileiras se beneficiam de alíquotas preferenciais. Além disso, ela acredita que americanos e brasileiros saem beneficiados com o comércio entre os países.
“Se por um lado o mercado americano é o terceiro principal destino das exportações do agro brasileiro, por outro somos um relevante consumidor de insumos, tecnologias e equipamentos industriais produzidos nos EUA”, afirmou.
De acordo com a CNA, em 2024, o Brasil importou mais de US$ 1,1 bilhão em fertilizantes, máquinas agrícolas e sementes do mercado norte-americano.
Sendo assim, o setor defende o diálogo. “Reiteramos a disposição do setor agropecuário brasileiro para o diálogo construtivo e a cooperação com os Estados Unidos, certos de que uma relação comercial baseada em evidências, integridade, respeito mútuo e objetivos comuns é essencial para enfrentar os desafios globais da agricultura, segurança alimentar e sustentabilidade”, completou.