O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Pietro Mendes, afirmou há pouco que o novo percentual de mistura do etanol, que passará de 27% para 30% em agosto, vai gerar queda de R$ 0,11 no litro da gasolina aos consumidores finais. No caso da elevação do teor do biodiesel, que será de 15%, o impacto no preço pago pelo diesel deverá ser nulo nas bombas, por conta do aumento da cotação do produto importado.
Nos cálculos do Ministério de Minas e Energia, o preço da gasolina pode cair ao consumidor final com a mistura maior, pois a carga tributária sobre o etanol é menor. O preço deverá sair de R$ 6,17 por litro para R$ 6,06, disse Mendes em evento na Pasta para anúncio da decisão do CNPE.
“O preço pode ficar abaixo de R$ 6 porque seremos exportadores de gasolina”, disse no evento. Segundo Mendes, motoristas de aplicativo que rodam cerca de 7,5 mil quilômetros por ano poderão ter economia de R$ 0,02 por quilômetro rodado. A conta é de redução de custos de R$ 150 por mês e até R$ 1,8 mil por ano.
No caso da elevação do teor do biodiesel, que será de 15%, o impacto no preço pago pelo diesel deverá ser nulo nas bombas, por conta do aumento da cotação do produto importado.
A Pasta defendeu que não há competição entre produção de biocombustível e alimentos, já que 15% da produção de milho brasileira, estimada em 128 milhões de toneladas em 2025, é destinada à fabricação de etanol.
“A elevação da mistura não tem impacto no preço do milho“, disse Mendes.
Segundo o MME, a política de biocombustível pode incentivar R$ 8,45 bilhões de investimentos em novas usinas e de ampliação da capacidade produtiva da indústria, além de R$ 1,69 bilhão na aquisição de máquinas. A nova mistura pode impactar na geração de 17,2 mil novos empregos diretos, disse o secretário. O teor de 30% de adição de etanol também pode reduzir a pegada de carbono da gasolina C em 2,8%, com redução de 3 milhões de emissões de CO2 equivalentes por ano, disse Mendes.
A decisão para elevação da mistura foi baseada em estudos técnicos, destacou o secretário. Ele ressaltou a importância da medida em meio ao cenário de conflitos geopolíticos, principalmente no Oriente Médio.
Com o novo teor, a expectativa do governo brasileiro é que o Brasil seja autossuficiente na produção e consumo de gasolina. Atualmente, o Brasil importa 23% do diesel A utilizado no país. A importação líquida é de 760 milhões de litros de gasolina A. Com a elevação da mistura do etanol, a perspectiva é reduzir o consumo de gasolina A em 1,36 bilhão de litros, espaço que será suprido com produção e consumo de até 1,46 bilhão de litros de etanol.
Se forem mantidos os atuais níveis de produção de gasolina A, o Brasil deixará de importar e passará a ser exportador líquido de 700 milhões de litros por ano, disse Mendes.
“Essa medida é importante para estabilidade geopolítica do Brasil, reduzindo importação de combustível nos tornamos mais resilientes (…) Estamos suscetíveis a impacto no preço ao não adotar políticas como as que decidimos hoje”, disse Mendes.
“Há percepção global de risco sistêmico do conflito no Oriente Médio. Um terço do petróleo comercializado no mundo passa pelo Estreito de Ormuz, que pode ser afetado pela escalada do conflito”, completou.
Biodiesel
O secretário Pietro Mendes disse que a elevação da mistura do biodiesel deve ter impacto “nulo” nas bombas, de cerca de R$ 0,01 por litro de diesel. Apesar de o preço do biocombustível estar em queda, a escalada na cotação do petróleo afeta o diesel importado pelo Brasil e o índice final nos postos de combustíveis.
O impacto do biodiesel no preço final do diesel, porém, já caiu. Em dezembro de 2024, o biocombustível representava R$ 0,36 por litro, índice que caiu para R$ 0,24 em maio desse ano.
Com o novo teor, o Ministério de Minas e Energia estima que motoristas de caminhão que rodam 12 mil quilômetros por ano poderão economizar até R$ 860 anualmente. A estimativa é que o preço do diesel recue levemente de R$ 6,12 para R$ 6,11 nas bombas.
Mendes ressaltou ainda que o aumento da mistura vai impulsionar a produção de farelo de soja, usada na ração animal, com impacto nas proteínas.
“O aumento da mistura do biodiesel é fundamental para segurança e resiliência energética”, disse no evento.
A Pasta espera R$ 5,2 bilhões de investimentos em novas usinas esmagadoras de soja nos próximos anos, com a geração de 1,5 mil novos empregos diretos. A pegada de carbono do diesel pode cair 0,7%, com redução de emissão de 1,2 milhão de toneladas de CO2 equivalentes por ano com a adoção do B15.