Um novo estudo mostrou que pessoas que vivem em cidades litorâneas podem viver mais do que aquelas que vivem em áreas urbanas. O trabalho, publicado na revista Environmental Research no final de julho, sugere benefícios para a expectativa de vida relacionados a águas de oceanos ou golfos.
Para chegar às conclusões, pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio analisaram dados populacionais, incluindo expectativa de vida, em mais de 66 mil setores censitários nos Estados Unidos e os compararam com base na proximidade de cursos d’água.
Pesquisas anteriores já haviam mostrado uma conexão entre viver próximo da água e melhores medidas de saúde, incluindo maiores níveis de atividade física, menores taxas de obesidade e melhor saúde cardíaca. Os pesquisadores, então, decidiram entender se havia uma ligação entre viver em “espaços azuis” e longevidade.
Segundo o estudo, foi observada uma relação clara entre maior expectativa de vida e água para aqueles que vivem a cerca de 48 quilômetros de um oceano ou golfo. Moradores de áreas rurais que vivem perto de água também podem obter algumas dessas vantagens.
No entanto, os mesmos benefícios não foram observados para aqueles que vivem em áreas urbanas e próximos a um corpo d’água interior com mais de 10 quilômetros quadrados.
“No geral, esperava-se que os moradores do litoral vivessem um ano ou mais a mais do que a média de 79 anos, e aqueles que viviam em áreas mais urbanas, perto de rios e lagos interiores, provavelmente morreriam por volta dos 78 anos. Os moradores do litoral provavelmente vivem mais devido a uma série de fatores interligados”, explica Jianyong “Jamie” Wu, pesquisador principal do estudo, em comunicado.
Para Yanni Cao, pesquisadora de pós-doutorado que também participou do estudo, fatores como poluição ambiental, pobreza, falta de oportunidades seguras para ser fisicamente ativo e risco maior de inundações são os prováveis causadores dessas diferenças nos resultados do estudo.
A diferença mais crítica que os pesquisadores descobriram é que as áreas costeiras apresentam menos dias quentes e temperaturas máximas mais baixas em comparação às áreas de águas interiores.
“Achamos que era possível que qualquer tipo de ‘espaço azul’ oferecesse alguns efeitos benéficos e ficamos surpresos ao encontrar uma diferença tão significativa e clara entre aqueles que vivem perto de águas costeiras e aqueles que vivem perto de águas interiores”, afirma Wu. “Encontramos uma diferença clara — nas áreas costeiras, as pessoas estão vivendo mais.”
Os pesquisadores acreditam que os dados encontrados no estudo podem fornecer insights sobre as tendências de expectativa de vida nos Estados Unidos em comparação com outras nações ricas.
“É provável que vários determinantes sociais da saúde, incluindo fatores ambientais complexos, que contribuem para as desigualdades em saúde, estejam desempenhando um papel fundamental nas diferenças que observamos”, diz Cao. Mais estudos são necessários para reforçar os achados recentes.