Após um primeiro semestre marcado sem grandes oscilações nos preços da soja, que não conseguiram se distanciar dos US$ 10 o bushel, as atenções estão cada vez mais se voltando para a safra 2025/26 dos EUA, mostra análise da StoneX.
A consultoria lembrou que o plantio ocorreu sem maiores problemas no país e as condições das lavouras apuradas pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estão se mostrando favoráveis.
Mesmo assim, o desenvolvimento da safra vai ser acompanhado de perto, pois o ciclo ainda está no início. Como um preço menos vantajoso em comparação ao do milho, os produtores dos EUA optaram por reduzir a área de soja no ciclo em andamento, que ficou em 33,74 milhões de hectares, de acordo com a última atualização do USDA.
De acordo com a StoneX, com essa área, caso a produtividade não atinja a tendência histórica estimada pelo USDA atualmente em 3,53 toneladas por hectare, o balanço de oferta e demanda dos EUA pode ficar mais apertado, impactando também o equilíbrio o mercado global.
Soja na América do Sul
Segundo boletim da StoneX, nos próximos meses, o planejamento da safra 2025/26 da América do Sul também vai se intensificar, com o cultivo nos EUA podendo impactar as decisões dos produtores por aqui.
“O plantio de soja no Brasil vem crescendo ano a ano, com o país contando com área disponível para expansão agrícola, sem a necessidade de competir com outras culturas. Contudo, os fundamentos de mercado e, consequentemente, os preços impactam no tamanho desse crescimento”, disse a consultoria.
Nos últimos anos, frente a um cenário de preços mais pressionados, principalmente se comparado ao início desta década, o crescimento anual da área de soja no Brasil tem sido mais lento. Assim, caso a situação do balanço mundial se modifique, em decorrência, por exemplo, de uma safra norte-americana menor que o esperado, os preços poderiam buscar patamares um pouco mais elevados, o que seria um incentivo para um crescimento maior da área no Brasil.
Demanda
No que diz respeito à demanda, além das exportações, o segmento de biocombustíveis pode impactar o volume de soja esmagada, na avaliação da StoneX. No Brasil, as expectativas de consumo interno da oleaginosa continuam indicando avanço do processamento, mesmo com a mistura obrigatória de biodiesel no diesel prevista para subir somente a partir de agosto.
Já nos EUA, o mercado monitora as políticas de biocombustíveis, com a indicação de um crescimento importante do mandato para biodiesel e diesel renovável, além da penalização de matérias-primas importadas em relação às nacionais.
“Tal cenário tende a incentivar o esmagamento de soja, com o óleo resultante podendo recuperar participação entre as matérias-primas utilizadas”.
Na Argentina, o processamento da soja deve ficar em níveis usuais, já que a produção alcançou um bom resultado, e o país foca em esmagar a oleaginosa e exportar os coprodutos.
Por enquanto, os fundamentos de oferta e demanda atuais mantêm as características de um balanço mundial de soja sem restrições, com possibilidades de a produção continuar acima do consumo.
A StoneX projeta que o principal fator com potencial de alterar esse cenário é o lado da oferta, uma vez que o clima pode resultar em variações mais bruscas da produção, com os próximos meses centrados nos EUA.
Já o consumo, tende a apresentar oscilações mais previsíveis, mas, como o mercado de biocombustíveis é totalmente dependente de políticas de incentivo, mudanças dessas medidas também têm espaço para causar um impacto relevante.