Exatamente 12 horas: este foi o tempo que separou o anúncio do Banco Central (BC) de mudanças em diretrizes do Pix, ocorrido às 10h01 da quinta-feira (6), e a publicação do vídeo em que seu presidente, Gabriel Galípolo, explica as novas regras, divulgado às 22h01 do mesmo dia.
Em meio à repercussão da nova regra, o BC admitiu a avaliação de que o “tema Pix” é sensível, escolheu adotar comunicação ativa e teve maratona para tentar esclarecer dúvidas e interpretações equivocadas da norma — sintomas temidos desde o “caso do Pix” de janeiro deste ano.
Naquela ocasião, uma instrução normativa da Receita Federal para aumentar o monitoramento de pagamentos foi alvo de onda de notícias falsas e distorções.
As repercussões atingiram dezenas de milhões de brasileiros, levaram à revogação da medida e impactaram negativamente a popularidade do governo.
Na quinta-feira, poucos minutos após a publicação da nova norma, que exige exclusão de chaves Pix de pessoas e de empresas cuja situação não esteja regular na Receita Federal, dúvidas sobre as regras se espalharam pelas redes sociais e mesmo nos canais de comunicação de jornalistas junto ao BC.
Dada a repercussão, o BC comunicou, por volta das 12h, que realizaria entrevista às 12h30 para explicar a norma.
Ao mesmo tempo, disparou mensagem, com negrito e “caixa alta”, mirando a principal dúvida que surgia: “a inconformidade de CPFs e CNPJs que restringirá o uso do Pix NÃO TEM RELAÇÃO COM O PAGAMENTO DE TRIBUTOS”.
A ideia era deixar claro que seriam excluídas chaves de pessoas e empresas com inconsistências cadastrais, não pendências fiscais. Ou seja, quem deve imposto não seria impactado.
Ao todo, 8% das chaves apresentam problemas, sendo a maior parte divergências de grafia entre o nome vinculado à chave e ao CPF.
Em cerca de uma hora de entrevista virtual a jornalistas, um técnico do BC reforçou esta informação e a finalidade de combater golpes, além de detalhar prazos que seriam dados aos bancos, entre outras informações sobre a mudança no regulamento. Ainda prometeu novos dados sobre os impactados pela medidas.
Nas horas seguintes, novas mensagens foram disparadas, perto das 17h e 18h, detalhando dados: número de CPFs irregulares e detalhamento de inconsistências entre “problemas de grafia” e “falecidos”; também CNPJs, com discriminação de “inaptos”, “suspensos” e “baixados”.
Doze horas depois, a campanha para esclarecer informações e evitar um novo “caso Pix” teve seu cume, com aparição de Gabriel Galípolo em vídeo publicado no Instagram, X (antigo twitter) e TikTok. Somadas as redes, a gravação já foi assistida mais de 600 mil vezes.
“Golpistas fazem isso. Usam CNPJs e CPFs quaisquer, até CPFs de pessoas falecidas, para se passar por empresas reais de telefonia, por escritórios de advocacia ou por instituições beneficentes”, disse Galípolo em um dos trechos.
“Sabe quando você recebe um SMS ou um WhatsApp para fazer um pagamento para uma empresa, mas percebe que o nome da empresa está escrito errado ou de forma diferente? Provavelmente, é um golpista usando um CNPJ ou um CPF qualquer para tentar se passar por um prestador que você conhece.”
Números do Google Trends mostram que as buscas pelo termo Pix passaram a avançar às 11h da quinta-feira, atingindo seu pico às 19h. A procura voltou a crescer na manhã da sexta-feira (7), mas apontou para os níveis “pré-anúncio” das novas regras na sequência do dia.