Uma ligação do pastor Silas Malafaia foi determinante para a vitória do novo presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP).
Malafaia acionou o pastor Robson Lemos Rodovalho, que é ex-deputado e atual presidente da Fundação Neopentecostal Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra.
Com a bancada evangélica rachada, o grupo viu risco de Otoni de Paula (MDB-RJ) se eleger e contribuir para a aproximação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os evangélicos.
“Liguei para Robson Rodovalho e disse: ‘Robson, nós não podemos deixar um cara que vai ser instrumento do governo Lula ganhar a Frente. Pede para a deputada que é membro da sua igreja desistir. Falo com Gilberto e Sóstenes (líder do PL na Câmara) para colocá-la como vice-presidente’”, disse Malafaia à CNN.
A deputada citada é Greyce Elias (Avante-MG), que foi a primeira mulher a tentar ir até o fim na tentativa de liderar a bancada. “O nome foi tirado e acabou a festa”, afirmou Malafaia.Play Video
O pastor afirma que não ligou para deputados e senadores para pedir votos e confirma que tratou do assunto no último sábado (22) com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que estava envolvido na eleição.
Procurado pela CNN, Otoni de Paula, que teve 61 votos, atribuiu o resultado a Bolsonaro.
“Minha avaliação é que não fiz uma disputa com Gilberto, que é meu irmão e amigo, mas fiz uma disputa com Bolsonaro. Quando Bolsonaro entrou em campo, isso obviamente – sem tirar o mérito do Gilberto – foi o que realmente pesou”, afirmou Otoni.
Para o parlamentar, o resultado surpreendeu o grupo político de Bolsonaro. “Foi a votação do medo. Eles queriam uma derrota acachapante. Acabamos marcando um território, afirmou.
Otoni afirma não ser inimigo de Bolsonaro e não ter se convertido ao “lulopetismo”. O emedebista também ressalta que dificilmente faria um papel de aproximar Lula dos evangélicos em 2026.
“Quero aproveitar que Bolsonaro me elegeu como adversário e vou continuar na minha marcha para dizer que a igreja não é de Lula, de Bolsonaro, do PT ou do PL”, afirmou.
Membros da bancada veem na disputa pelo comando do grupo um duelo fluminense e religioso, já que Malafaia e Otoni são do mesmo estado e da mesma igreja, a Assembleia de Deus.