Termo médico para gastroenterite aguda, a intoxicação alimentar é uma inflamação nas regiões do estômago e intestino, resultada da ingestão de alimentos ou bebidas (principalmente a água) contaminados por micro-organismos ou por toxinas liberadas por eles. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, cerca de 600 mil pessoas morrem vítimas do problema e 420 mil adoecem após consumirem itens impróprios para consumo.
Gastroenterologista do Hospital Semper, Karina Camargos afirma que entre os agentes que se proliferam, por exemplo, na geladeira, quando deixamos alimentos armazenados por muito tempo, e, portanto, podem causar intoxicação alimentar, estão as bactérias e fungos.
“As principais bactérias são a Escherichia coli (E.coli), Samonella e Listeria. Os sintomas vão desde mal-estar, fraqueza, náuseas, vômitos, febre, dor abdominal e diarreia a convulsões e parada cardíaca em casos mais graves”, explica, acrescentando que alguns tipos de vírus também podem sobreviver a baixas temperaturas e causarem infecção se o alimento for armazenado já contaminado.
Ainda segundo a especialista, qualquer pessoa pode ser afetada, porém crianças, idosos, gestantes e pessoas com imunidade baixa (ex: em tratamento de doenças oncológicas ou autoimunes) são mais vulneráveis, podendo ter sintomas e consequências mais graves. “Situações graves, inclusive, podem provocar alterações renais e neurológicas permanentes, além de óbito”.
Cuidados nas férias
Karina faz questão de ressaltar que, durante o período de férias, neste mês de janeiro, em que as pessoas costumam se alimentar fora de casa, seja durante viagens ou passeios, os cuidados devem ser redobrados. O ideal é preferir lugares que aparentam ser limpos e bem higienizados. “É importante se certificar de que os alimentos estão frescos e bem cozidos, evitar consumir alimentos crus, como saladas e frutos do mar em locais duvidosos, beber água potável de fonte confiável e evitar self-services, pois estes estabelecimentos deixam as refeições expostas por longas horas, às vezes em temperaturas não adequadas”.
Outras dicas diárias para prevenir uma intoxicação alimentar, segundo a médica, incluem evitar armazenar alimentos de diferentes origens no mesmo recipiente; não colocar materiais contaminados, como sacolas e caixas de supermercado, em cima da pia ou nos locais onde serão preparadas as refeições; higienizar adequadamente os vegetais que serão consumidos crus; limpar a geladeira rotineiramente; e não deixar os cabelos soltos e sem proteção durante a preparação dos alimentos.
Em caso de infecção, o tratamento é voltado geralmente para combater o desconforto causado pelos sintomas. Durante a recuperação é essencial manter uma hidratação rigorosa, se possível com sais de reidratação oral. “Caso isso não seja possível, por causa dos vômitos e diarreias intensos, é recomendado procurar atendimento médico, principalmente pessoas de maior vulnerabilidade”, finaliza Karina lembrando que medicamentos analgésicos e antieméticos podem ser usados em domicílio apenas se os sintomas forem leves e o paciente conseguir manter hidratação oral rigorosa.