A maioria da população adulta brasileira está com sobrepeso ou obesidade, porém, apenas 16% dos cidadãos foram diagnosticados formalmente com uma das condições que elevam o risco de doenças cardíacas.
A revelação é do estudo “Meu Peso, Minha Jornada”, feito pelo Instituto Datafolha e encomendado pela farmacêutica Novo Nordisk.
A pesquisa realizada em âmbito nacional entrevistou 2,08 mil brasileiros, com média de idade de 43 anos, de diferentes regiões, classe social e gêneros. Os resultados foram publicados nesta segunda-feira (29/9).
O levantamento também revela que, em comparação aos homens, mulheres apresentaram aumento na circunferência abdominal – fator que eleva o risco de problemas no coração.Play Video
“A pesquisa reforça a urgência de um diálogo aberto e sem estigmas sobre o peso, pois esse desencontro entre percepção de risco e diagnóstico é alarmante”, ressalta Priscilla Mattar, vice-presidente da Área Médica da Novo Nordisk no Brasil.
Maioria obesa ou com sobrepeso, mas sem diagnóstico
Baseado no Índice de Massa Corporal (IMC), calculado através das respostas sobre peso e altura dos participantes, o estudo identificou que 59% dos brasileiros estão acima do peso – obesos ou com sobrepeso –, mas apenas 16% foram diagnosticados com uma das condições.
Em contrapartida, o conhecimento sobre os riscos da obesidade aumentou neste ano: 56% afirmaram saber que a condição piora a saúde e eleva o risco de doenças cardiovasculares, em comparação com o índice de 50% registrado em 2024.
A obesidade vem crescendo em níveis alarmantes no Brasil, com aproximadamente um terço dos brasileiros vivendo com a doença. Os dados são do Atlas Mundial da Obesidade 2025, lançado em março pela Federação Mundial da Obesidade.
“O manejo da obesidade é fundamental na prevenção de doenças do coração, incluindo infarto, AVC e hipertensão, especialmente considerando que cerca de um terço das mortes no Brasil estão relacionadas a essas condições”, diz Priscilla Mattar.
A revelação de outros dados tornam os resultados ainda mais preocupantes. Entre os entrevistados com sobrepeso ou obesidade, 31% já estão com hipertensão arterial e 18% com índice elevado de colesterol. Porém, apenas 25% consideram estar em risco por conviver com as condições.
“Mesmo com sinais clínicos como pressão alta e colesterol elevado, apenas uma pequena parte se percebe em risco. Identificar e tratar essas condições precocemente é essencial para reduzir o impacto da obesidade na saúde do coração”, explica o cardiologista José Rocha Faria Neto, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Crescimento de circunferência abdominal feminina preocupa
Além de calcular o IMC, a pesquisa colheu informações sobre a medida de circunferência abdominal dos participantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que o tamanho do abdômen é um bom indicador do risco cardiometabólico, pois revela com mais precisão o acúmulo de gordura visceral, responsável por liberar substâncias inflamatórias que elevam o risco de pressão alta, colesterol alto e resistência a insulina e, em consequência, problemas no coração.
De acordo com o estudo, o cenário é preocupante principalmente para as mulheres: 62% das brasileiras com 16 anos ou mais tinham circunferência abdominal acima de 88 centímetros, e 33% dos brasileiros passavam dos 102 cm. Ambos tamanhos estão associados a risco cardiovascular maior.
Faria Neto avalia que, mesmo a situação não sendo favorável, especialmente entre as mulheres, medidas simples e eficazes ainda são capazes de alterar o cenário preocupante.
“Os resultados reforçam a importância de acompanhamento médico, hábitos saudáveis e estratégias preventivas, assim como da conscientização sobre doenças como diabetes e obesidade e sua relação com a saúde do coração”, destaca o especialista.