O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está cada vez mais aberto à ideia de assumir uma posição a ir contra Nicolás Maduro e deixar de reconhecer a legitimidade da eleição na Venezuela, avaliam petistas próximos a ele.
Segundo relatos feitos ao blog por dois amigos do presidente, ganha força no governo o entendimento de que a situação na Venezuela caminha para um patamar “insustentável”.
Lula, disse um desses interlocutores, tem sido impactado especialmente pelo “povo na rua” no país vizinho. Ainda há alguma esperança em relação às tentativas de diálogo estabelecidas em conjunto com México e Colômbia. Mas aliados do petista admitem que não será possível empurrar a situação por muito mais tempo.
Numa tentativa de criar uma espécie de vacina para as críticas, aliados próximos de Lula passaram nos últimos dias a minimizar a proximidade com Maduro. Em conversas reservadas com o blog, esses interlocutores disseminam a tese de que Lula tinha uma relação de amizade com Hugo Chávez, mas que o vínculo com seu sucessor seria muito mais frágil.
No círculo próximo do presidente, também houve uma mudança de tom significativa em relação ao PT. Se antes o Planalto exaltava a isenção e autonomia do partido em se posicionar a respeito das eleições venezuelanas, agora sobram queixas expressas ao partido, sempre com base na premissa de que houve precipitação no apoio a Maduro.
Um amigo do presidente que falou ao blog chegou a culpar a cúpula petista pela desastrosa frase de Lula em que afirmou que não houve “nada grave” na eleição venezuelana.
Foi, segundo esse interlocutor, uma tentativa de aliviar as críticas à direção petista pelo fato de ter divulgado uma nota em que reconheceu a legitimidade da eleição.