O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu a Ordem de Rio Branco no grau de Comendador para a advogada Eunice Paiva, símbolo da luta pelo reconhecimento das vítimas da ditadura militar. A história de Eunice inspirou o filme vencedor do Oscar “Ainda Estou Aqui”.
A homenagem póstuma foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (28). A condecoração é uma honraria concedida pelo Itamaraty e reconhece serviços ou méritos excepcionais prestados ao país.
Eunice foi casada com o ex-deputado Rubens Paiva e os dois tiveram cinco filhos. Em 1971, Rubens foi preso, torturado e morto por agentes militares.Play Video
Sua busca pela verdade e pela justiça a transformou em uma personalidade emblemática na resistência contra a ditadura e na defesa dos direitos humanos.
Eunice começou a cursar direito em 1973, aos 47 anos, e se tornou advogada com forte atuação nas políticas indígenas do país.
Em 1996, 25 anos após a morte de Rubens Paiva, Eunice conseguiu que o Brasil emitisse o atestado de óbito do marido.
Segundo informações da Comissão da Verdade, o ex-deputado foi torturado de forma “extremamente violenta”, que “pode ter sido a causa principal da morte”. Isso só se tornou público em 2014.
Eunice Paiva morreu em 13 de dezembro de 2018, aos 86 anos – apenas quatro anos após ter recebido a resposta oficial do que aconteceu com o marido.
Coincidentemente, ela também morreu na data que marcou os 50 anos desde a promulgação do Ato Institucional de Número 5 (AI-5), considerado o mais violento da Ditadura Militar e que foi utilizado para legalizar a tortura durante o regime.
A advogada lutou contra o Alzheimer nos seus últimos 14 anos de vida.
Eunice Paiva foi retratada por Fernanda Torres no filme “Ainda Estou Aqui”, que recebeu o Oscar de melhor filme internacional.