Em meio à tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou uma mudança significativa em seu discurso ao abordar o tarifaço imposto pelos EUA durante o 17º Encontro Nacional do PT em Brasília. Mesmo diante da militância petista, optou por um tom mais comedido, distanciando-se das críticas diretas que vinha fazendo a Donald Trump.
A mudança de postura reflete uma estratégia do governo brasileiro de separar as respostas comerciais das políticas, buscando não prejudicar as negociações em andamento. Esta abordagem surge em um momento crítico, a apenas dois dias da aplicação da sobretaxa de 50% sobre determinados produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos.
Avanços nas negociações
O cenário atual apresenta alguns progressos, com cerca de 700 produtos excluídos da lista de tarifação. No entanto, diversos setores ainda permanecem preocupados com os impactos econômicos e na empregabilidade. As negociações devem continuar mesmo após o dia 6, data prevista para o início da aplicação das tarifas.
Canais de diálogo têm sido estabelecidos entre autoridades dos dois países. O vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), conseguiu abrir comunicação com Howard Lutnick, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, planeja uma segunda conversa com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, preparando terreno para uma possível comunicação direta entre Lula e Trump.
Plano de socorro aos setores afetados
O governo brasileiro trabalha em um plano de contingência para auxiliar os setores mais impactados pelo tarifaço. Entre as possibilidades em estudo, estão medidas semelhantes às adotadas durante a pandemia e a disponibilização de linhas de crédito. O setor de pescados, por exemplo, estima necessitar de aproximadamente R$ 900 milhões em auxílio, devido à dificuldade em encontrar mercados alternativos para seus produtos.