O líder do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), se solidarizou nas redes sociais com a deputada Carla Zambelli (PL-SP) após ela anunciar nesta terça-feira (3) que deixou o Brasil.
“Minha total e irrestrita solidariedade à decisão da deputada Carla Zambelli. A mulher mais votada do Brasil na última eleição foi forçada a deixar o país – não por crime, mas por opinião. Mais uma vez, vemos o Judiciário ultrapassar os limites constitucionais para perseguir parlamentares conservadores. Quando a voz da maioria é silenciada por decisões de poucos, não estamos mais em uma democracia – estamos em estado de exceção”, escreveu o deputado.
Zambelli revelou em entrevista à Rádio Auri Verde mais cedo que deve se mudar para a Europa e pedir licença de seu mandato na Câmara.
“Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim a princípio buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e agora eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo”, disse a parlamentar.
Condenação
Na ocasião, a Primeira Turma determinou uma pena de dez anos de prisão, em regime inicialmente fechado; perda do mandato parlamentar (a ser declarada pela Câmara dos Deputados após o trânsito em julgado); e a inelegibilidade da política.
Além disso, ela também foi condenada a pagar uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.
Zambelli ainda é alvo de outro inquérito no STF, no qual responde por crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.
Nesse caso, porém, ela ainda não foi condenada. O julgamento foi interrompido em março, após um pedido de vista do ministro Nunes Marques.
Repercussão
O anúncio da deputada gerou reação entre parlamentares da oposição e da base governista nas redes.
Assim como Sóstenes, o deputado Mauricio Marcon (Podemos-RS), um dos vice-líderes da oposição, também se solidarizou com Zambelli.
“Quase um milhão de votos e perseguida pelo sistema ditatorial implementado pelo PT em nosso país. Logo será eu, e logo será você, toda ditadura é idêntica.
Minha solidariedade a colega”, declarou Marcon.
Já o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que vai pedir um alerta vermelho da Interpol para localizar Zambelli.
“Zambelli fugiu. Vamos pedir alerta vermelho para Interpol para localizar, prender e extraditar. Essa turma é um leão para atacar a democracia e covarde na hora de responder por seus crimes! Não tenho dúvida que Bolsonaro pode ir pelo mesmo caminho. Não podemos permitir uma fuga de uma eventual condenação por golpe de Estado. A PGR tem todos os instrumentos para impedir isso: cassar passaporte, tornozeleira eletrônica ou pedir uma prisão preventiva!”, publicou o deputado.
Erika Hilton (PSOL-SP) relembrou a condenação sofrida por Zambelli e reiterou que o que a deputada fez foi “fugir da justiça brasileira”.
“Carla Zambelli não ‘deixou o Brasil’ como dizem as manchetes. É bem pior. Se trata de uma pessoa condenada a 10 anos de prisão por falsidade ideológica e por invadir o sistema e adulterar documentos do CNJ. O que Carla Zambelli fez foi fugir da justiça brasileira”, comunicou a também deputada.