O aumento da taxa de juros contribui com a preocupação de 69% dos brasileiros para a pioria do custo de vida, apontou pesquisa semestral “Monitor do Custo de Vida” da Ipsos, com 32 países e quase 25 mil entrevistados.
Atualmente, a Selic se encontra em 10,5%, após uma redução de 0,25 ponto percentual em maio deste ano, sinalizando desaceleração do ritmo adotado pela autoridade monetária.
Conforme o Boletim Focus publicado nesta segunda-feira (17), a taxa deve se manter nesse patamar até o fim de 2024.
O cenário externo não é muito diferente, com o Federal Reserve (Fed) mantendo suas taxas de juros nos níveis atuais pela sétima vez consecutiva e seguido pelo BC do Japão.
Mesmo assim, o Brasil não é o mais preocupado com esse cenário: a Coreia do Sul encabeça a lista, com 81%, seguido da África do Sul (80%) e Turquia (78%).
Esse movimento representa uma queda na preocupação dos brasileiros. Em novembro de 2022, a preocupação das pessoas acerca dos juros chegou a atingir 83% — colocando o país na 2ª posição dos países pesquisados, segundo o levantamento.
Cenário econômico e custo de vida
De acordo com a Ipsos, 32% dos entrevistados no Brasil dizem estar passando dificuldade ou muitas dificuldades financeiras atualmente. Comparando com outros pares emergentes, a Argentina se encontra em uma situação menos confortável: 57% indicaram alguma adversidade.
Entre os motivos, a percepção dos brasileiros acerca de uma piora no emprego contribui com o diagnóstico da pesquisa e aumentou em relação a dois anos atrás, sendo que pouco menos da metade acredita que o número de desempregados aumentará no país, ante 35% em 2022.
Em abril, o Brasil abriu 240.033 vagas de emprego formal, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) — o melhor resultado para o mês da série histórica da nova metodologia, iniciada em 2020.
África do Sul (73%), Turquia (72%) e Indonésia (69%) lideram o ranking deste mês nessa percepção.
Já sobre o aumento dos preços e consequentemente o custo de vida, 53% acreditam no avanço dos valores dos produtos e serviços nos próximos meses.
A inflação para o mês de maio registrou alta de 0,46%, acima das expectativas de analistas, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já os argentinos aparecem mais otimistas com a inflação: menos da metade, 45%, acredita que os preços subirão nos próximos meses.
A variação de preços no país vizinho caiu pela metade de abril para maio, atingindo 4,2%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC, na sigla em espanhol).
Carga tributária
Sobre impostos, 54% dos brasileiros acreditam que eles aumentarão no próximo semestre, um pouco acima da média global de 53%, mas abaixo da Turquia e Argentina, onde 70% das pessoas indicaram essa percepção.
O Brasil está passando atualmente pela regulamentação de uma reforma tributária sobre o consumo, que deve provocar um aumento de 10% no Produto Interno Bruto (PIB) em até 13 anos, segundo as contas do governo federal.
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