A trajetória da seleção inglesa feminina na Eurocopa 2025 foi marcada por reviravoltas, obstáculos físicos e emocionais e histórias individuais de superação.
O título europeu, conquistado neste domingo nos pênaltis contra a Espanha após empate em 1 a 1, foi o resultado de uma campanha construída a partir da resiliência do grupo.
Durante os mata-matas, a Inglaterra esteve atrás no placar em todos os jogos e liderou por apenas quatro minutos ao longo das três partidas.
A equipe se recuperou da derrota para a França na estreia e venceu com viradas dramáticas. “Temos jogadoras com talento e uma união incrível, mas também a crença de que podemos voltar ao jogo”, disse a técnica Sarina Wiegman.
Crença inabalável
A frase “Proper England”, adotada pelo grupo como lema durante o torneio, sintetizou o espírito da equipe. “Tivemos essa crença total, por mais tarde que fosse… É algo que temos repetido muito”, afirmou a defensora Niamh Charles.
Chloe Kelly, autora do pênalti decisivo na final, viveu uma transformação nos meses anteriores ao torneio.
Sem espaço no Manchester City, pediu publicamente para sair. Foi emprestada ao Arsenal, teve boa temporada e assinou contrato definitivo.
“Obrigada a todos que duvidaram de mim. Sou grata”, disse a atacante, que também marcou em momentos decisivos nas quartas e semifinais.
Lesões e racismo
Lucy Bronze jogou toda a competição com uma fratura na tíbia. A revelação foi feita após a final. “Ela ama jogar pela Inglaterra. Lucy foi incrível neste torneio, considerando tudo”, comentou a meia Beth Mead.
A goleira Hannah Hampton assumiu a titularidade após a aposentadoria de Mary Earps. Nascida com uma condição ocular que afeta a percepção de profundidade, Hampton foi decisiva ao defender dois pênaltis na final. Ela jogou parte da disputa com sangramento no nariz e foi eleita a melhor em campo.
Jess Carter, alvo de ataques racistas após a semifinal contra a Itália, quase ficou fora da decisão. “Estava super assustada, mas com o apoio dos torcedores, da minha família e das companheiras, consegui voltar ao campo”, disse a zagueira.
Michelle Agyemang, de 19 anos, foi um dos destaques da campanha com gols nos minutos finais contra Suécia e Itália. Foi eleita Jogadora Jovem do Torneio.
Próximos passos
Comandada por Wiegman, agora tricampeã europeia (Holanda 2017 e Inglaterra 2022 e 2025), a seleção fará um desfile em Londres na terça-feira, encerrando a celebração em frente ao Palácio de Buckingham.
Depois disso, o foco se volta para a preparação da Copa do Mundo de 2027, no Brasil.