A aprovação da esperada indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF) está nas mãos do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG, à direita na imagem), avaliam ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo auxiliares do petista, sem a ajuda de Pacheco, ex-presidente do Senado, e de Davi Alcolumbre (União-AP), atual chefe da Casa, o AGU dificilmente chegará à Corte.
A indicação de um integrante do STF precisa ser aprovada no Senado. Pacheco é o favorito entre os senadores para a vaga, que surgiu com a antecipação da aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso. Ele conta com o apoio de Alcolumbre, que já expressou a Lula sua preferência pelo aliado e o sentimento da Casa a favor do mineiro.
Diante do cenário hostil no Senado, Lula tem segurado a indicação de Messias, apesar de apontar a aliados que insistirá no AGU. Nas contas de ministros com trânsito no Congresso, a oposição deve partir com cerca de 32 votos, e são necessários 41 para impor a derrota histórica ao Planalto. Jamais um indicado ao STF foi rejeitado pelos senadores.
Os ministros entendem que a lógica do ineditismo não se aplicará a Messias, pois jamais um indicado à Suprema Corte “concorreu” com um ex-presidente da Casa pela vaga. Por causa disso, aliados têm defendido que Lula precisa se encontrar com Pacheco para pavimentar o caminho do seu favorito.
O governo acredita que, no melhor cenário, Alcolumbre e Pacheco não atrapalhariam a campanha de Messias, deixando “o jogo correr” sem interferências. Esse panorama já deixaria a estrada para o STF sinuosa para o AGU. Mas, acreditam ministros, se o atual presidente da Casa e seu antecessor fizerem campanha contra, a indicação do AGU naufragaria facilmente.
Seriam necessários cerca de nove votos, além dos já consolidados pela oposição, para derrotar o Planalto. Votos esses secretos, sem possibilidade de represália pelo governo, e num cenário em que o Centrão quer enfraquecer Lula antes da eleição de 2026, após o petista se fortalecer nas pesquisas e se demonstrar menos propenso a fazer concessões a quem pode não estar na sua campanha.
Ainda de acordo com os auxiliares de Lula, quanto mais o tempo passa, mais risco de rejeição corre Messias. A oposição trabalha para conseguir os votos restantes para barrar a indicação, e o governo se vê numa janela apertada, pois o ano no Legislativo está acabando, com Orçamento ainda a ser votado.
Sinais de Pacheco e Alcolumbre
Senadores próximos a Alcolumbre e Pacheco indicam o sentimento do Senado. Apontam que a cúpula da Casa considera esta uma vaga atípica ao STF, que não estava planejada, uma espécie de “presente” que caiu no colo de Lula. Por isso, cobram do presidente que divida “o bônus” da escolha com o Legislativo.
Lula tem tentado convencer Pacheco a concorrer ao governo de Minas Gerais em 2026, com seu apoio. Mas, segundo aliados, o ex-presidente do Senado tem indicado pouca vontade em continuar na política, principalmente depois dos desgastes enfrentados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo aliados do mineiro, ele “merece” a indicação ao STF porque, entre os que entraram em linha direta de confronto com Bolsonaro, ele é o único que caminha para ficar sem proteção. Seus interlocutores apontam que o mineiro enfrentará uma eleição difícil, com altas chances de perder, enquanto Lula deve ser reeleito, e o ministro do STF Alexandre de Moraes tem vaga garantida na Corte até os 75 anos.







