A importação de etanol ficará vantajosa a partir de dezembro, mesmo que a tarifa de 18% seja mantida até lá, e alguns traders já começaram a nomear navios para trazer o produto americano para o mercado brasileiro. Pelas curvas de preço, a janela deve ficar aberta até março, segundo projeções da Datagro, apresentadas em evento realizada pela consultoria.
A perspectiva considera as curvas de preços de etanol no Brasil e nos Estados Unidos e para de câmbio nos próximos meses, segundo Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro. A conta considera o custo de internalização pelo porto de Suape (PE).
Segundo ele, a importação de etanol hoje já é vantajosa para quem internaliza as cargas pelo Porto de Itaqui, no Maranhão, onde há benefício fiscal para as cargas que entram.
A pressão vem tanto dos baixos preços do etanol americano na bolsa de Chicago como da queda da taxa de câmbio, que vem barateando ainda mais o produto estrangeiro.
A perspectiva de entrada de produto americano no Brasil de forma competitiva mesmo com a tarifa eleva ainda mais a pressão sobre os produtores brasileiros de etanol, que vêm enfrentando margens apertadas no mercado de açúcar e estão migrando para a fabricação do biocombustível para garantir margens positivas nesta safra.
Caso o Brasil retire completamente a tarifa de 18% em vigor hoje em meio às negociações com Donald Trump, a janela de importação já estaria aberta desde agora, e não teria horizonte para se fechar ao menos até abril.
Excedente nos EUA
Segundo Nastari, os EUA estão com excedente de etanol, reflexo por sua vez do excedente de produção de milho. Atualmente, 33,4% da safra de milho americana vai para a produção de etanol.
Enquanto a fabricação de etanol nos EUA cresce, a demanda local está fraca, puxada pela redução das vendas de gasolina nos EUA, já que o etanol no país é misturado ao combustível fóssil. Segundo Nastari, as vendas de combustíveis nos EUA caem por causa do aumento das vendas de veículos elétricos e porque os americanos estão “dirigindo menos”.
Importações nesta safra
As importações de etanol pelo Brasil já estão mais aquecidas nesta safra 2025/26, mesmo com a janela de arbitragem de importação fechada até então para o etanol americano. O motivo é que boa parte das importações de etanol vem ocorrendo do próprio Mercosul, que entram sem a tarifa de 18%.
De abril e setembro, o Brasil importou um volume 85% maior do que no mesmo período da safra passada. Do total importado, 51% veio dos Estados Unidos, 32% do Paraguai e 17% da Argentina.