A bolsa paulista operava com viés negativo nesta sexta-feira (17), marcada por vencimento de opções sobre ações e sem uma tendência definida no exterior, onde a China é destaque do noticiário após anunciar medidas “históricas” para estabilizar o setor imobiliário no país.
O índice também era pressionado pelas ações da Petrobras, que operavam entre as maiores quedas do índice, recuando 1,71%.
Às 12h20, o Ibovespa operava em queda de 0,21%, aos 128.013 pontos. Já o dólar caía 0,32%, a R$ 5,11.
Uma hora antes, a moeda recuava 0,45%, a R$ 5,1079, acelerando a queda frente ao real após recuar ligeiramente na abertura, depois que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo publicada nesta manhã que não pode antecipar novos cortes na taxa Selic.
Na entrevista, Campos Neto disse que o BC precisa “de tempo, serenidade e calma para saber como as variáveis vão se desenrolar” até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em junho.
Ele afirmou ainda que nunca avisou o governo sobre mudanças de orientação futura, algo que considera uma prerrogativa do BC autônomo.
“Entrevista do Campos Neto agradou o mercado. Reafirmou compromisso com a meta de inflação, como tem feito, e ratificando autonomia do BC”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
O BC decidiu na semana passada reduzir o ritmo de afrouxamento monetário, cortando a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, agora a 10,50% ao ano, após seis reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual.
A decisão significou o abandono da orientação futura dada na reunião anterior do Copom, que previa um corte de 0,50 ponto neste mês.
Num geral, uma Selic mais alta torna o real mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimos em países de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercados mais rentáveis, de forma a lucrar com o diferencial de juros.
Mais cedo, o dólar já havia aberto em queda após as autoridades chinesas anunciarem medidas que chamaram de “históricas” para estabilizar o setor imobiliário da China, o que gerou otimismo pela demanda de commodities, com o minério de ferro atingindo máxima em uma semana.
“O destaque na abertura fica no cenário internacional com a China, onde medidas a fim de impulsionar o mercado imobilíario foram anunciadas”, disse Marcio Riauba, gerente da mesa de operações da Stonex Banco de Câmbio.
As autoridades chinesas anunciaram uma série de medidas para estabilizar seu setor imobiliário atingido pela crise, com o banco central viabilizando 1 trilhão de iuanes (138 bilhões de dólares) em financiamento extra e flexibilizando as regras de hipoteca.
A movimentação na segunda maior economia do mundo gerava otimismo pela demanda de commodities. Os contratos futuros de minério de ferro ampliaram a alta da véspera nesta sexta-feira, atingindo o valor mais alto em mais de uma semana, e estavam a caminho de encerrar a semana com ganhos.
O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 2,18%, a 891,5 iuanes (123,47 dólares) a tonelada, o maior valor desde 8 de maio. Na semana, o ganho foi de 2,8%.
Ainda em relação ao cenário externo, os investidores também analisavam falas de autoridades do Federal Reserve na véspera, que demonstraram cautela com a inflação nos Estados Unidos e indicaram a manutenção da política monetária atual, sem sinalização de cortes de juros.
Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,1310 reais na venda, em baixa leve de 0,11%.
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