Os governos federal e de São Paulo realizam nesta terça-feira (15) uma série de reuniões com representantes do setor privado para a discussão de alternativas e estratégias de negociação com os Estados Unidos, após o presidente Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros.
A ideia é aproveitar a interlocução e o acesso dos empresários brasileiros ao mercado dos EUA para alinhar o discurso entre os setores público e privado.
Os encontros da esfera federal foram divididos em dois blocos. O primeiro, às 10h, reunirá representantes da indústria nacional, com destaque para setores como aviação, aço, alumínio, celulose e máquinas.
A segunda reunião, prevista para às 14h, será com representantes do agronegócio. Entre os setores convocados estão produtores de suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescado.
O restante da lista de participantes deve ser divulgado em breve pelo governo federal.
Tarcísio deve se encontrar com representante dos EUA
Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também se reúne com empresários. O encontro, que deve contar com a presença de 15 representantes do setor privado, teve articulação do ex-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado) Paulo Skaf, segundo o analista da CNN Caio Junqueira.
É esperado que o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, esteja presente no encontro.
Na semana passada, ele já havia se reunido com Tarcísio para dialogar sobre as tarifas. Atualmente, ele é o mais alto representante da missão diplomática dos Estados Unidos no Brasil, já que Trump ainda não nomeou um embaixador para o país.
Em 2024, os EUA foram o principal destino de importação de produtos originados de São Paulo (US$ 13 bilhões em movimentação comercial), com destaques para os setores de aeronaves, equipamentos de engenharia civil e sucos de frutas, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços compilados pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil).
Alckmin nega pedido de prorrogação
O vice-presidente argumenta que, antes de o governo tomar qualquer decisão, é fundamental ouvir o setor privado, que mantém interlocução direta com o mercado norte-americano.
A decisão de criar o comitê foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os trabalhos serão comandados pelo ministério liderado por Alckmin, com apoio da Fazenda, Casa Civil, Itamaraty e Relações Institucionais.
A lista de empresários que vão integrar o grupo ainda está em formação, mas a ideia é contemplar todos os segmentos impactados, incluindo carne bovina, suco de laranja, café, tecnologia e a indústria aeroespacial.
A expectativa do governo é tentar uma solução diplomática antes da entrada em vigor da tarifa, marcada para 1º de agosto.
Colaborou Henrique Sales Barros, da CNN