Andréa Luiza Collet/Governo do Tocantins
Com o apoio da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), a cerimônia de nomeação de meninos e meninas da aldeia Funil, do povo Xerente, em Tocantínia, foi realizada na manhã desta terça-feira, 29 de julho. O secretário Paulo Xerente, acompanhado de uma comitiva da Sepot, prestigiou o momento, que marca o encerramento da Dasĩpê – tradicional festa cultural Xerente.
Na celebração, cerca de 20 meninas e 14 meninos, desde bebês de colo até adolescentes, participaram da cerimônia de batismo, também chamada de nomeação – ocasião em que o nome próprio, que faz referência ao clã a que pertencem, torna-se definitivo. As festividades do povo Akwẽ foram realizadas por um período de dez dias, reunindo a comunidade, formada por mais de 150 famílias e aproximadamente 500 pessoas. Rituais ancestrais, cânticos, adereços e pintura corporal evidenciam a riqueza da identidade cultural Xerente.
O secretário Paulo Xerente destacou o compromisso do Governo do Tocantins com os povos indígenas do estado, por meio de ações que promovem a valorização e preservação da identidade cultural de cada etnia. O secretário Paulo, que também é da etnia Akwẽ, citou a presença das duas grandes toras no centro do pátio, a corrida da tora e a cerimônia do batismo das crianças, como pontos cruciais da identidade cultural que devem ser perpetuados pelo povo.
O cacique Elso Xerente, do clã Wahirê, agradeceu ao apoio da Sepot, bem como a presença do secretário Paulo Xerente e comitiva. Para o líder indígena, criar condições para que a Dasĩpê continue a ser realizada é uma das formas para que os nomes originais indígenas sejam perpetuados, respeitando a indicação dos anciãos e o vínculo com o respectivo clã. Os mais velhos estão transmitindo os rituais, cânticos e responsabilidades para uma nova geração de homens Akwẽ, que terão a tarefa de realizar as próximas celebrações.
DesafioO cacique explica que a necessidade do povo Akwẽ se adequar às normas vigentes no país tem gerado alguns conflitos com a tradição cultural, o que acabou levando a algumas distorções nos nomes próprios nas últimas décadas. O registro de nascimento, com nome e sobrenome já nos primeiros dias de vida, nem sempre contemplava o real nome escolhido pelos anciãos, pois é justamente na cerimônia da Dasĩpê que o nome próprio é consolidado. “Precisamos fazer valer o nome original que a gente coloca nas crianças”, enfatizou, citando que o número de nascimentos na aldeia é alto e a festa precisa ser realizada num intervalo máximo de três anos para que não haja lacunas. “Estamos felizes porque hoje todos os nomes estão certinhos”, comemorou. Na comunidade, existem cerca de 160 crianças de até dez anos de idade.