Neste Dia dos Povos Originários, 19 de abril, o Tocantins se une ao país em um momento de celebração da rica diversidade cultural e dos saberes ancestrais que emanam de suas etnias. A data também convida à reflexão sobre a essencial preservação de seus modos de vida e territórios. Nesse contexto, o turismo emerge como um vetor estratégico para garantir a sustentabilidade, fortalecer a cultura e promover a cidadania dessas comunidades.
O Brasil abriga uma expressiva população indígena, conforme dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que contabilizou 1.693.535 pessoas autodeclaradas indígenas, representando 0,83% do total de habitantes. Essa diversidade se manifesta em 305 etnias distintas e 274 línguas, distribuídas por 827 municípios em todo o país.
O Tocantins se destaca nesse cenário com uma população estimada em mais de 20 mil indígenas. Essa presença se traduz em uma rica tapeçaria cultural, composta por 16 etnias, entre elas os Karajá, Xambioá, Javaé (que formam o povo Iny), Xerente, Apinajè, Krahô, Krahô-Kanela e Avá-Canoeiro (Cara Preta).
O secretário de Turismo do Estado, Hercy Filho, ressalta o empenho do governador Wanderlei Barbosa em valorizar as tradições das etnias tocantinenses, enxergando no turismo um importante aliado nesse desafio. A parceria com a Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais e a Secretaria de Cultura é considerada fundamental para o desenvolvimento de projetos que fortaleçam o etnoturismo.
“Como um estado de expressivas riquezas naturais e culturais, que integra a região amazônica, temos a responsabilidade de valorizar nossos povos ancestrais e levar a eles o turismo como uma importante fonte de geração de renda limpa e sustentável”, afirma Hercy Filho.
Ações estratégicas
A Secretaria de Turismo do Estado tem direcionado esforços para o desenvolvimento de projetos de etnoturismo com foco na sustentabilidade e no protagonismo das comunidades.
Em 2022, a passagem do Rally Sertões impulsionou a realização de capacitações para jovens e líderes indígenas, além da estruturação de acampamentos na Ilha do Bananal. O objetivo é que os próprios indígenas assumam a gestão dos roteiros turísticos, valorizando sua cultura e gerando renda de forma autônoma.
Na maior ilha fluvial do mundo, os atrativos a serem explorados incluem as festas tradicionais, trilhas ecológicas, a pesca esportiva e a rica observação de aves e outros animais da região. Um exemplo recente do potencial turístico da região foi a visita de um grupo de turistas, incluindo um visitante espanhol, à Aldeia Macaúba durante a realização do tradicional ritual Hetohoky, em março deste ano.
O Governo do Tocantins está trabalhando para concretizar o potencial do etnoturismo no estado. O projeto Tocantins Recebe Bem prevê a formatação de um produto “piloto” de etnoturismo em Lagoa da Confusão, com a definição de uma aldeia na Ilha do Bananal, da etnia Javaé, para iniciar as atividades. O processo de licitação da empresa responsável por conduzir essa etapa já está em andamento.
O projeto piloto abrangerá a elaboração de um manual de visitação, diretrizes para a gastronomia e o artesanato local, modelos de gestão dos empreendimentos turísticos, estratégias de mídias sociais, normas para a pesca esportiva e trilhas, roteiros para observação de aves, além de visitas técnicas para o desenvolvimento das atividades.
Outro projeto de grande envergadura, com previsão de início ainda este ano e financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), contemplará diversas aldeias da Ilha do Bananal com ações de capacitação e melhorias de infraestrutura.
Neste Dia dos Povos Originários, o Tocantins reafirma seu compromisso com a valorização e o respeito às suas comunidades indígenas, reconhecendo o potencial do turismo como ferramenta de preservação cultural, desenvolvimento sustentável e empoderamento dessas populações.