O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (18/12) que não há “setas dadas, nem portas fechadas” para as alterações na taxa básica de juros da economia, a Selic, que hoje está em 15%, taxa criticada pelo governo e por agentes de mercado.
“Você não está dando nenhum tipo de seta para o que vai fazer e não está fechando portas. Não há nem setas dadas, nem portas fechadas”, disse Galípolo em entrevista coletiva no BC ao comentar o tom adotado nas atas do Comitê de Política Monetária (Copom), colegiado que delibera sobre a taxa.
Entenda a situação dos juros no Brasil
- A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação.
- Os integrantes do Copom são responsáveis por decidir se vão cortar, manter ou elevar a taxa Selic. A missão do BC é controlar o avanço dos preços de bens e serviços do país.
- Ao aumentar os juros, a consequência esperada é a redução do consumo e dos investimentos no país.
Dessa forma, o crédito fica mais caro, e a atividade econômica tende a desaquecer, provocando queda de preços para consumidores e produtores. - Projeções mais recentes mostram que o mercado desacredita em um cenário em que a taxa de juros volte a ficar abaixo de dois dígitos durante o governo Lula e o mandato de Galípolo à frente do BC.
A última reunião do Copom foi encerrada no dia 10 deste mês. O Copom deliberou pela quarta vez consecutiva por manter a Selic em 15%.
Galípolo explicou que a comunicação visa a não indicar qual caminho será tomado nos próximos encontros. No momento, o mercado aguarda uma sinalização de quando começa o possível ciclo de redução na Selic, visto que a inflação dos últimos 12 meses, completados em novembro, está abaixo do teto da meta (4,46%). A meta de inflação é 3%, mas há tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O presidente do BC afirmou que os comunicados não têm a intenção de indicar decisões futuras, pois o colegiado avalia os dados mais recentes a cada reunião para deliberar.
“Estou tentando (analistas) achar uma dica em um texto que não há dica. Nós não decidimos na reunião de dezembro o que vamos fazer nem na reunião de janeiro, nem na de março”, enfatizou Galípolo.
Recorte da última ata
Sobre o futuro da Selic, um dos trechos da última ata reforçou a interpretação de que o cenário atual “requer” a Selic em níveis mais elevados por “período bastante prolongado”, afastando sinalização de redução do índice em breve.
“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz trecho da ata.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 27 e 28 de janeiro.





