O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (28), durante participação no J. Safra Macro Day, em São Paulo, que é dar o tempo necessário para que a política monetária faça efeito sobre a economia.
Segundo ele, há preocupação com a inflação que está “rodando acima da meta” e com as expectativas desancoradas.
“Há necessidade de a gente poder dar o devido tempo para a gente ter os gaps e as defasagens da política monetária fazerem efeito após a gente ter realizado a elevação da taxa [de juros] e a necessidade de a gente ganhar flexibilidade e ter cautela no mundo onde a incerteza se elevou tanto”, afirmou na ocasião.
Galípolo destacou ainda que o Banco Central busca compreender não apenas o nível adequado para a taxa básica de juros, mas também o tempo necessário de manutenção desse patamar para assegurar a convergência da inflação.
“A gente quer entender por quanto tempo e em que patamar a gente precisa deixar a taxa de juros para atender a meta. O tempo foi generoso com a comunicação oficial do Copom da última reunião”, pontuou.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ocorrida em março, o presidente e os diretores votaram por um ajuste em 1 ponto percentual, elevando a Selic em 14,25% ao ano. A ata do encontro, divulgada uma semana depois, trazia a informação que o BC pode continuar o ciclo de aperto monetário nas próximas reuniões.
O presidente da autoridade monetária voltou a dizer que o BC está “bastante incomodado” com as expectativas de inflação que cotinuam “bastante desancoradas”.
Segundo o boletim Focus desta segunda, os analistas de mercado revisaram a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2025 em 5,55% este ano. No entanto, a meta do BC é de 3% com margem de tolerância de 1,5 p.p. Ou seja, os números ainda estão bem distantes do centro do alvo.
“Além de tudo, a gente está bastante incomodado com a questão das expectativas que continuam bastante descoradas e a gente quer entender. A gente está bastante incomodado com a desinflação, eu acho um pouco para trás esse processo ali. Eu acho que agora é um processo de a gente entender como funciona naturalmente uma política monetária e a gente poder assistir, não acho que tem uma variável que é um gatilho”, pontuou.
Galípolo ainda reforçou que o Banco Central continuará monitorando de perto a evolução dos indicadores econômicos e das expectativas, de modo a calibrar sua atuação sem pressa, mas com firmeza na busca pela estabilidade de preços.