O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux afirmou a interlocutores que não pretende pedir vista no processo que julgará o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas indicou que deve apresentar um voto divergente em relação ao relator, Alexandre de Moraes.
A possibilidade de um pedido de vista de 90 dias vinha sendo cogitada por aliados de Bolsonaro, o que poderia adiar a conclusão do caso para o ano eleitoral de 2026. No entanto, Fux tem reiterado que não fará esse movimento.
O pedido de vista só pode ser feito após o início do julgamento e depois da apresentação do voto do relator. Apesar disso, o ministro tem sinalizado a aliados que seu voto será divergente, especialmente por discordar da tese da Procuradoria-Geral da República (PGR) que relaciona, por exemplo, a reunião de Bolsonaro com embaixadores — na qual atacou o sistema de urnas eletrônicas — aos atos golpistas de 8 de janeiro.
Fux também tem demonstrado incômodo com o que considera uma pressão interna na Corte para que o julgamento seja unânime. Segundo ele, o STF tem se exposto mais do que o necessário em decisões relacionadas ao caso.
O ministro já havia votado de forma divergente na decisão que determinou o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro, e tem indicado que manterá a coerência nas próximas deliberações sobre o ex-presidente.
Procurado, Fux não quis se manifestar.