Diante do impasse nas negociações entre Brasil e Estados Unidos, fontes de Washington disseram a um grupo de empresários e negociadores brasileiros que a Casa Branca tende a confirmar a tarifa de 50% no dia primeiro de agosto.
E num segundo momento, depois de alguns dias ou semanas, iniciar um processo de negociação contando com vulnerabilidade maior do Brasil.
Segundo relatos feitos à CNN, as mensagens sempre vêm acompanhadas da lembrança de que a decisão final cabe apenas a Donald Trump, mas que a sinalização mais forte nesta segunda-feira (21) é de confirmação da tarifa daqui a dez dias.
Os americanos ainda sinalizaram que o governo Trump parece não ter pronta uma lista de demandas para o Brasil, o que dificulta o processo negociador entre os dois países.
Executivos disseram ao blog que os dois tópicos comerciais que parecem mais óbvios nas conversas com a Casa Branca são a questão do etanol e as queixas sobre o tratamento às big techs.
Na percepção das fontes ouvidas pela CNN, o Brasil não é uma prioridade e, por isso, os negociadores americanos não se debruçaram sobre o que poderiam ser os contornos da barganha comercial.
A lista de cobranças é abrangente e difusa, como ficou claro na abertura de investigação do Escritório do USTR (Representante de Comércio dos Estados Unidos).
Este grupo de executivos brasileiros que está atuando junto a autoridades e empresas dos EUA enfatiza que, mesmo que eles consigam ser ouvidos por quem importa em Washington, a negociação precisa ser conduzida pelo governo brasileiro.
Muitos veem como positiva a movimentação do governo brasileiro, especialmente na figura do presidente em exercício Geraldo Alckmin (PSB). Mas que, no contexto atual, ainda parece pouco, sobretudo diante do prazo exíguo para qualquer solução.
Se nos EUA, a última palavra é de Trump, a mesma coisa acontece no Brasil com Lula (PT). E, do ponto de vista dos empresários, há muitas dúvidas sobre o empenho do Planalto em encontrar uma solução que desative o modo de “combate ao inimigo externo”. Este passou a ser o mote do governo Lula diante dos ataques do presidente americano.
Sobre a ligação de Jair Bolsonaro (PL) com Donald Trump, fontes de Washington têm dados sinais de que não tratam o ex-presidente brasileiro como um negociador, ou mesmo como alguém que pode influenciar uma ruptura no processo de negociação que venha acontecer entre o governo Lula e o governo americano.